Santa Catarina elegeu o presidente Jair Bolsonaro com 75,92% dos votos válidos que, de carona, elegeu também o governador Carlos Moisés, ambos do PSL na época. Passados quase dezesseis meses, eles tomaram rumos diferentes e hoje não falam nem a mesma língua.

Depois de Jair Bolsonaro aceitar a demissão do agora ex-ministro Sérgio Moro, Carlos Moisés não perdeu tempo e ligou para o celular do ex-ministro para convidá-lo para integrar o seu governo.

Uma cartada inteligente de, não só tentar trazer para o seu lado um enorme cabo eleitoral para a sua reeleição, mas também de mostrar para Bolsonaro que Moisés hoje tem vida própria.

O problema de Carlos Moisés é que ele não tem tamanho suficiente para comandar um subordinado com a força e o prestígio de Sérgio Moro, que muito provavelmente deve focar algo maior para sua carreira na magistratura e também na política.

Ninguém que um dia passou por Brasília volta para casa do mesmo jeito, com os mesmos pensamentos e sem cogitar em concorrer a algum cargo de relevância numa futura eleição.
Se Moro aceitar qualquer cargo em Santa Catarina, ele pode sim ajudar Carlos Moisés a se reeleger, mas como ainda faltam mais de dois anos para as eleições estaduais, Moro também pode ofuscar Moisés, sendo colocado como o principal nome para ser o governador de Santa Catarina.

É mais do que óbvio que o convite de Carlos Moisés para Sérgio Moro não passou de um afago protocolar e de quebra aproveitar para mandar um recado para Jair Bolsonaro: ele e outros governadores não pretendem mais apoiar aquele que era a figura inspiradora de todos os eleitos do PSL de 2018.

Tancredo Neves dizia que “o político vai com o morto até o buraco, mas não se joga com ele”, e é essa a atitude de todos aqueles que no passado se elegeram por conta do atual Presidente da República.

Hoje ambos sabem quem são seus inimigos e estão a caça de aliados para tentar continuar surfando numa onda que muito provavelmente vai derrubar todos de uma só vez.