Esta terça-feira, 2, é um dos dias mais esperados pelos membros da CPI dos respiradores, instalada na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, pois é neste dia que eles irão ouvir a ex-superintendente da Secretaria de Saúde, Márcia Pauli, e também os ex-secretários do governo Moisés, Helton Zeferino, da Saúde, e Douglas Borba, da Casa Civil.
O relator Ivan Naatz (PL), deputado estadual da região do Vale do Itajaí, passou o fim de semana analisando as gravações de todos os depoentes que já foram ouvidos nas três primeiras reuniões da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia para ver se encontra mais detalhes ou alguma contradição que possa ser respondida pelos ex-secretários na sessão desta semana.
O deputado acabou incluindo o governador Carlos Moisés na lista de investigados porque foi encontrado um protocolo com a assinatura do governador e do secretário Helton Zeferino, datado de 24 de março, onde ambos desprezam uma proposta mais barata e acabam comprando os respiradores da Veigamed por R$ 165 mil cada.
No dia 25 de maio o deputado Ivan enviou um vídeo do ex-chefe da Casa Civil, Douglas Borba, num depoimento ao Ministério Público, dizendo que ele, quando secretário da Casa Civil, havia detectado mais uma compra de respiradores, datada de 19 de março, no valor de R$ 4 milhões. Essa compra foi dividida em dois processos, um com 10 respiradores e outro com mais 20 respiradores, também pagos antecipadamente e não entregues pela empresa “Edera”, segundo o vídeo de Borba, deixando entender que todo o processo foi feito pela secretaria de saúde do estado, com a aprovação do ex-secretario Helton Zeferino.
Governo Moisés reage
Mas o governo do estado parece se movimentar nos bastidores para começar a barrar o enfrentamento de alguns deputados estaduais, que segundo membros do próprio governo, estão querendo montar um palanque para aparecerem à custa do governador.
Depois de empossar o novo chefe da Casa Civil, o empresário Amandio João da Silva Junior, que não perdeu tempo e já fez muitas visitas em gabinetes de deputados estaduais na Alesc, o próprio governador Carlos Moisés já articula conversas com partidos, como o MDB, e também se mostra mais aberto quando participa da reunião da Federação Catarinense dos Municípios (FECAM), ouvindo os prefeitos e dando garantia de entrega de respiradores para os hospitais.
Mas a reunião mais importante que Moisés participou foi com o presidente do legislativo catarinense, deputado Júlio Garcia (PSD) no dia 12 de maio, quando num almoço no Palácio da Agronômica, ambos saíram satisfeitos com a abertura de um diálogo entre o executivo e o legislativo estadual.
E para dar uma força para o governador, o PSL/SC tratou de dar uma punição de sete meses, por má conduta partidária, para os deputados Sargento Lima, que é o presidente da CPI dos respiradores, e também para Felipe Estevão, Ana Carolina Campagnolo e Jessé Lopes. A Assembléia analisa se o deputado Lima poderá continuar como presidente da CPI, pois durante o tempo de punição, nenhum dos deputados poderá representar o PSL em qualquer cargo ou decisão no legislativo estadual.
O caso das postagens do deputado estadual Jessé Lopes (PSL) contra uma secretária da Casa Civil e a forma que os deputados Milton Hobus (PSD) e João Amin (PP) trataram algumas pessoas que foram depor na CPI arranhou a imagem do legislativo catarinense junto à opinião pública.
Isso prova que, quanto mais durar a CPI, mais o governo Moisés armazenará energia para barrar não só a própria CPI, mas também todos os pedidos de impeachment contra ele, saindo dessa tempestade mais forte e jogando a máquina do estado nas eleições municipais deste ano.