A primeira fagulha do incêndio no Governo Moisés começou no caso da contratação das agências de publicidade One WG, de Florianópolis, e FLB/Ápice, de Criciúma, pelo valor de R$ 2,5 milhões, que acabou chamando a atenção do Deputado Estadual João Amin (PP).

Depois vieram as licitações do hospital de campanha, a compra dos respiradores e um terceiro edital para a compra de máscaras. Ficou claro que o governador Carlos Moisés da Silva incumbiu à Casa Civil de cuidar de todos os processos licitatórios durante o combate ao coronavírus.

A partir daí o secretário Douglas Borba, titular da Casa Civil, começou a arquitetar, junto com a Secretaria de Saúde e a Defesa Civil, a confecção dos editais para, primeiro, a contratação do Hospital Mahatma Gandhi, que foi uma indicação dos seus amigos de Biguaçú, onde ainda é vereador.

Logo após, praticamente na mesma semana, foi feita a contratação da Veigamed com a mesma velocidade que foi feito a licitação do Mahatma Gandhi. Ainda tem outra compra de máscaras para a secretaria de saúde que está sendo investigado, que também segue o mesmo modus operandi das duas primeiras compras feitas pelo Governo do Estado.

O problema de toda essa engenharia é que a primeira contratação já deu errada e acabou despertando a atenção dos deputados estaduais para toda e qualquer licitação que o governo Carlos Moisés viesse a fazer dali para frente.

Como todas estavam interligadas, chegar até uma licitação “estranha” foi questão de tempo e aí o clima esquentou de vez, pois já se tinha uma aparente calma depois que a Assembléia do Estado tinha conseguido melar a contratação do Mahatma Gandhi para gerir o hospital de campanha de Itajaí.

Helton Zeferino, ex-secretario de saúde, se obrigou a deixar o cargo para não complicar ainda mais o amigo Carlos Moisés e agora os focos se voltam justamente para a Casa Civil, mais especificamente para Douglas Borba, que é quem tem mais experiência político administrativa, e que muito provavelmente foi o coordenador geral de todas essas licitações feitas pela administração estadual.

As perguntas que ainda pairam no ar é quem negociou ou levou vantagem por conta dos altos valores envolvidos nas licitações, quem foram os braços de toda essa engenharia, quem é a pessoa que falou com o empresário de Joinville e qual a influência da república de Biguaçú na sala mais importante do Governo do Estado de Santa Catarina?

Se já não bastasse a CPI protocolada na Alesc, virá um pedido de impeachment, que será protocolado pelo deputado estadual Maurício Eskudlark (PL), que já foi líder do governo na Assembléia, mas que hoje compõe a ala do Senador Jorginho Mello, um dos mais críticos de Carlos Moisés.

A partir de agora, como um bom bombeiro, Carlos Moisés terá que negociar com partidos, como MDB e o seu PSL, para conseguir esfriar o clima na Assembléia Legislativa e terá que fazer algumas mudanças no seu primeiro escalão para começar a estancar uma sangria que pode matar prematuramente um governo que foi eleito pela esperança de mudança e pela ânsia de se ter um governador que olhasse para o catarinense.