No início da tarde de segunda-feira, 22, o juiz Elleston Canalli, da Vara Criminal de Florianópolis, determinou que o caso dos 200 respiradores da Veigamed fosse enviado para o Superior Tribunal de Justiça para dar continuidade as investigações, porque encontrou elementos que indicam a participação do governador Carlos Moisés na decisão da compra.

Isso ocorreu porque o governador tem foro privilegiado e este caso só pode ter a investigação de uma instância superior. Vale lembrar que a Procuradoria Geral do Estado já recuperou R$ 13 milhões, cerca de 40% do valor total de R$ 33 milhões, e que isso pode pesar em favor do governador no caso.

Logo após a decisão do juiz Canalli, o deputado estadual Ivan Naatz (PL), que é relator da CPI dos respiradores na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, publicou nas suas redes sociais que solicitou a Procuradoria Geral da Alesc, uma análise da possibilidade legal do prévio afastamento do cargo de governador, enquanto tramitar a investigação.

Por sua vez, o governador Carlos Moisés publicou um vídeo dizendo que seu governo tem resultados acima do esperado, inclusive com a expectativa de superar 2019, e que essa é a resposta que dá para a população de Santa Catarina. Quando fala especificamente sobre o caso dos respiradores, diz que tem todo o interesse que esse caso seja esclarecido e que o governador não faz o processo de compra, e que cada pasta faz o seus processos.

Não é de hoje que há entre alguns deputados estaduais da CPI dos respiradores, um jogo de gato e rato, onde tentam encontrar indícios de que o governador sabia dessa famigerada compra de respiradores que sequer servem para a Covid-19.

Encontrou-se falas de terceiros dizendo que “governador me ligando”, “estamos na linha com o governador” e “o governador já tinha liberado o processo de aquisição”. Mas que não mudam muito o que já se tem nos processos de investigação da Deic e do Ministério Público.

Porém, podem servir de combustível na Comissão Parlamentar de Inquérito da Alesc, que nesta terça-feira, 23, continuará ouvindo testemunhas para chegar a conclusão se o maior mandatário do estado sabia ou não do que estava acontecendo na sala de Douglas Borba, durante a pandemia do coronavírus.

Se sabia, tem que pagar pelo erro na justiça, mas se não sabia, o eleitor é quem vai decidir se o governador merece ou não a reprovação pela omissão.

Politicamente esse é mais um fato negativo que arranha a imagem de Carlos Moisés, que ainda terá muito tempo para conviver com essa pedra no sapato, que, na maioria das vezes, ofusca todas as ações do governo no comando do chefe da Casa Civil, Amandio da silva Junior, por conta do grande estrago que Douglas Borba e Helton Zeferino conseguiram fazer no Palácio da Agronômica.

Na CPI da Alesc desta terça

Nessa terça-feira, 23, será ouvido na CPI dos Respiradores, o representante da empresa de medicamentos Cima, Samuel de Brito Rodovalho, justamente a pessoa que tinha mensagens no celular que davam a entender que o governador Carlos Moisés sabia da compra dos respiradores.

Reprodução

Samuel é suspeito de ter intermediado o contato com o empresário Rafael Wekerlin, da empresa Brazilian International Business – de Joinville, para comprar os 200 respiradores cobrando uma propina de R$ 3 milhões.

Serão ouvidos também o controlador geral do estado, Luiz Felipe Ferreira, e o secretário de saúde de Biguaçu, Leandro Adriano de Barros, amigo de Douglas Borba que tem um escritório de advocacia ligado ao Hospítal Mahatma Gandhi – que havia vencido a licitação, cancelada posteriormente, do hospital de campanha que seria instalado na cidade de Itajaí.

Você pode assistir os depoimentos pelo site da Alesc, no link da TVAL, a partir das 17 horas.


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