Até o final da década de 1980, o eleitor do Vale do Itajaí votava em candidatos muito mais pela proximidade que ele tinha com a comunidade do que efetivamente pela proposta que ele colocava no seu plano de governo.
Esse eleitor levava muito em consideração se o candidato tinha raízes familiares fortes na cidade, se ele tinha carisma e tratava o eleitor com educação. Se ele conhecia as pessoas dos bairros, se defendia o regionalismo e se ele possuía o respaldo da classe empresarial local.
Hoje esse eleitor parece estar mais atento a tudo que acontece num pleito na sua cidade e não se entusiasma mais com beijos e abraços. Através das lentes das redes sociais, pode até sacramentar a derrota antecipada de candidatos que insistem em querer fazer campanha como em décadas passadas.
Mesmo a vida andando muito mais rápido, o eleitor ainda vai querer que o candidato melhore a saúde e a educação pública. Entretanto, não vai abrir mão de um bom transporte público, de uma cidade com menos engarrafamento e que áreas como esporte e cultura não sejam contempladas nos próximos quatro anos.
A tecnologia também começa a fazer parte das propostas dos candidatos, pois as gerações Y, Z e Alfa não vivem mais sem uma boa internet e não admitem que Prefeituras e Câmara de Vereadores não tenham tudo muito bem explicado nas telas de um smartphone.
Daqui para frente o antigo e o novo eleitor não terão mais tempo a perder, sendo obrigados a enfrentarem filas em departamentos públicos para fazer coisas que podem e devem ser disponibilizadas em plataformas interativas.
O eleitor local vai querer saber muito sobre o que cada candidato pretende fazer sobre a mobilidade urbana, que envolve muito menos andar de carro e muito mais o transporte público, as ciclovias e outros modais que facilite a vida das pessoas que não desejam mais adquirirem um veículo para se deslocarem dentro da cidade.
Matérias antes secundárias, como parques públicos, serviços para animais, turismo e oportunidades de trabalho chegam, principalmente depois da pandemia, como assuntos que podem fazer a diferença no futuro de uma cidade como Blumenau.
A geração de emprego e renda, que sempre foi um assunto mais ligado a governadores e candidatos a presidente, está na cabeça desse novo eleitor que quer produzir e andar com as próprias pernas. Ele hoje não quer mais só um emprego. Muitos têm o desejo de empreender. Por isso, essa terá que ser uma das primeiras pautas dos candidatos, principalmente depois do baque que a Covid-19 deixou no mercado de trabalho do Brasil.
Enfim, são muitos assuntos que os candidatos terão que abordar em um curto espaço de tempo. Mas quem tiver um bom poder de convencimento e conseguir levar propostas viáveis até esse eleitor, que já não acredita mais qualquer coisa, vai se sair melhor nas urnas e corre o risco até de se eleger.
O que o candidato tem que ter em mente é que essa eleição só será definida mesmo no dia da votação, pois as redes sociais estarão fervendo e podem interferir na hora do eleitor escolher em quem votar.