Numa conversa protocolar, na última sexta-feira, 1, com a deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania), o Governador Carlos Moisés (PSL) a convidou para ser a secretária de saúde de Santa Catarina no lugar do ex-secretário Helton Zeferino, que pediu demissão na semana passada.

O fim de semana passou e Carmen Zanotto voltou a conversar com Carlos Moisés na tarde desta segunda-feira, 4, dizendo que agradecia o convite, mas que iria continuar com o seu trabalho junto a vários grupos da área de saúde ligados ao seu gabinete na Câmara Federal.

Com a recusa, o Governador se viu obrigado a efetivar o secretário adjunto da secretaria de saúde, André Motta Ribeiro, que desde o início da pandemia integra a equipe que coordena as ações do combate ao coronavírus.

André é médico, funcionário de carreira do estado e da prefeitura de São José, já foi coordenador do Samu e trabalhou no setor de emergência do Hospital Celso Ramos, na capital.

Enfim, é um técnico que entende de saúde, mas Moisés comete o mesmo erro em nomear alguém que pode ser engolida pela política numa secretaria que está sob os holofotes dos 40 membros da Assembléia Legislativa.

O deputado estadual Vicente Caropreso (PSDB) chegou a ter seu nome ventilado, mas nem foi convidado porque o governador focou no nome de Carmen Zanotto.

Politicamente, Carlos Moisés vem errando desde o início de seu mandato quando renegou o presidente Jair Bolsonaro, seu ex-companheiro de partido, por achar que ele deveria ter sido ouvido na indicação ministerial pela votação que Bolsonaro recebeu em Santa Catarina.

Moisés sequer compareceu numa palestra que o vice-presidente Hamilton Mourão fez em Florianópolis em 2019, mandando a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido) no seu lugar. Depois se isolou no Palácio da Agronômica, se distanciando até dos deputados estaduais do PSL, acabou sozinho sem nenhum escudo e sem aliados em Brasília e em Santa Catarina.

Agora o governador fica obrigado a abrir conversas com alguns partidos para tentar manter seu governo de pé e em breve terá que montar um secretariado mais robusto politicamente, com pessoas que saibam negociar com a Assembléia, e que deem sustentação para uma administração que está prestes a ter que se explicar numa CPI e lutar contra um pedido de impeachment vindo da Alesc.

Se Moisés insistir em ficar no enclausuramento pessoal e político, terá uma morte lenta, mas certa.