O assunto mais comentado durante toda a quarta-feira, 30, foi sem dúvida a Operação Pleumon, com a ida dos integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, pela primeira vez na história desse estado, no Palácio D’Agronômica e no Centro Administrativo do governo do estado.
Obviamente que depois que a investigação da compra dos 200 respiradores, que custou ao estado o valor de R$ 33 milhões e sequer foram entregues, subiu para a esfera federal por conta de ter um governador investigado, essa visita já era esperada.
Mas o fato mais importante depois de todo esse barulho causado na imprensa nacional foi que mais um arranhão ocorreu no já combalido governo estadual, que não tem mais credibilidade, não tem o apoio político, sofre constantes derrotas jurídicas e perde a cada dia o apoio popular, mesmo daqueles que acabaram votando no 17 nas eleições de 2018.
Carlos Moisés da Silva está cada vez mais sozinho, tanto que depois de toda a repercussão da ida dos investigadores da Operação Pleumon na casa do governador, Daniela Reinehr tratou de fazer um vídeo de quase dois minutos descolando sua imagem do comando do governo dizendo que está lutando para tirar seu nome dos processos de impeachment.
Ela entende que esses problemas foram criados por Carlos Moisés e seus secretários mais próximos na época, como Douglas Borba, Helton Zeferino, Jorge Tasca e até Amândio da Silva Junior, que junto com Sandro Yuri Pinheiro, ex-assessor da Casa Civil, receberam também a visita da Polícia Federal.
O objetivo da Operação Pleumon foi a busca e apreensão de computadores e documentos que possam esclarecer se ambos agiram como lobistas na compra dos respiradores e se o governador realmente sabia e deu ordem para o pagamento antecipado dos R$ 33 milhões para a Veigamed.
O fato esclarecedor dessa busca e apreensão foi que agora se sabe o porquê Carlos Moisés exonerou Amândio João da Silva Junior da Casa Civil um mês e meio depois de contratá-lo. É que há indícios, segundo as investigações, que ele seja a pessoa que tenha feito a intermediação entre o governo e a Veigamed, que vendeu os respiradores, em troca de um “pedágio” de 3% do valor do contrato, caso ele conseguisse evitar o cancelamento por parte do governo da compra dos equipamentos, o que pode ter lhe rendido uma quantia de R$ 990 mil.
Esses fatos da Operação Pleumon podem não interferir diretamente no primeiro processo de impeachment, que será julgado pela comissão especial mista, mas no segundo, que já está tramitando na Assembleia, sem dúvida respingará, mesmo que ele também acabe no colo dessa mesma comissão mista.
Segundo o pronunciamento do governador depois que os policiais foram embora da sua casa, essa busca e apreensão foi injustificada e desnecessária, pois há dois meses seus advogados teriam oferecido ao Superior Tribunal de Justiça muito mais do que foi levado. Para ele não há nenhum fato novo e ele reforçou que não participou em nenhum processo de compra e, indiretamente, jogou a responsabilidade para a ex-superintendente da secretaria de Saúde, Márcia Regina Geremias Pauli.
Novas eleições diretas
O deputado estadual Bruno Souza (Novo) está em busca de assinaturas para apresentar um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) para alterar a forma de como se dá uma eleição no poder executivo estadual caso o governador e o vice-governador sejam afastados.
Hoje, se o governador for afastado antes do fim do segundo ano de mandato, a eleição se dá de forma direta, ou seja, o eleitor catarinense escolhe os novos mandatários do estado. Mas se eles forem afastados depois de completar dois anos de mandato, quem escolhe o novo governador e o vice são os 40 deputados estaduais da Assembleia Legislativa.
Com a PEC, Bruno Souza quer que o eleitor escolha o governador e o vice até eles completarem 90 dias antes do fim do mandato, o que daria três anos e nove meses a frente do governo, e só a partir daí é que os 40 deputados estaduais poderiam votar para escolher a nova dupla.
O deputado precisa de 14 assinaturas para poder fazer essa PEC tramitar na Assembleia e, segundo ele, já conseguiu 13 dos 40 parlamentares da Alesc. Ela primeiro é analisada na Comissão de Constituição e Justiça, passando pelas demais comissões até chegar ao plenário para ser votado em dois turnos. “Independente do caso que está em discussão, é importante que essa regra seja revisada. Ninguém melhor para escolher o Governador de Santa Catarina do que o catarinense”, afirmou o deputado Bruno.
Veja abaixo a lista de deputados que já assinaram a PEC da eleição.
Bruno Souza (Novo)
Ana Campagnollo (PSL)
Coronel Mocellin (PSL)
Jessé Lopes (PSL)
Sargento Lima (PSL)
João Amin (PP)
Paulinha (PDT)
Fabiano da Luz (PT)
Luciane Carminatti (PT)
Neodi Saretta (PT)
Pedro Baldissera (PT)
Mais 2 deputados também já assinaram;