Na tarde desta terça-feira, 27, na Alesc, foram escolhidos os deputados estaduais que formarão a Comissão Especial Mista que vai analisar o segundo processo de impeachment contra o governador Carlos Moisés. Os mais votados foram Laércio Schuster (PSB), Valdir Cobalchini (MDB), Fabiano da Luz (PT), Marcos Vieira (PSDB) e José Milton Scheffer (PP), que junto com os desembargadores Luiz Zanelato, Sônia Maria Schmitz, Rosane Portella Wolff, Luiz Antônio Fornerolli e Roberto Lucas Pacheco vão compor o grupo de 10 nomes para julgar o caso.

Esse processo de impeachment tem como motivo principal a compra dos 200 respiradores que iriam servir os hospitais catarinenses na pandemia. Foram pagos R$ 33 milhões pelos aparelhos, mas a empresa Veigamed não entregou a mercadoria e acabou sumindo com o dinheiro em 350 contas bancárias fantasmas.

Mas parte dos 40 parlamentares, como Ivan Naatz (PL), acreditam que essa composição de deputados é praticamente a instalação da “operação salva Moisés”. Para ele, desde o início da escolha já se sentia que iriam colocar membros que não estão convictos da culpa do governador.

Como é praticamente impossível saber qual será o voto de cada desembargador, na avaliação de Naatz, a Alesc enviou uma bancada rachada, onde dois deputados podem votar em favor do governador e sacramentar a salvação dele nesse processo.

Laércio Schuster, Valdir Cobalchini e Fabiano da Luz são mais inclinados em condenar o governador. Marcos Vieira é um deputado que pode tanto votar no sim, quanto no não, e José Milton Scheffer já foi favorável a Moisés numa das votações em plenário do primeiro processo de impeachment.

Nos bastidores da Alesc, Ivan Naatz bem que tentou emplacar seu nome na comissão mista, mas como foi rejeitado, já no plenário do legislativo, tanto ele quanto o deputado Kennedy Nunes (PSD) pediram para não serem votados na escolha dos membros.

Para não bater de frente com a governadora Daniela Reinehr, o presidente da Assembleia, deputado Júlio Garcia (PSD), definiu em acordo com os parlamentares da bancada de seu partido que nenhum deles faria parte da comissão especial mista, o que acabou acontecendo.

O fato é que o voto do deputado Sargento Lima (PSL) em favor de Daniela Reinehr na votação do impeachment da semana passada estremeceu os pilares da Alesc.

Era para hoje Júlio Garcia estar ocupando a cadeira de governador do estado, o que não aconteceu e não vai mais acontecer justamente porque Sargento Lima agiu sozinho, sem o conhecimento de seus pares. Agora há uma manobra de contra-ataque para voltar com Carlos Moisés só para mostrar quem manda na Assembleia.

A estratégia parece sem nexo e suicida, más há também um entendimento que é mais fácil vencer Moisés em 2022 do que vencer Daniela Reinehr, que tem o apoio de Jair Bolsonaro para ser a candidata dele numa possível reeleição.

Outro ponto importante é que na tarde desta terça, a Polícia Federal arquivou a investigação que vinha sendo feita contra o governador afastado. A conclusão é que não existem indícios que ele participou ou decidiu sobre a compra dos respiradores, colocando apenas os ex-secretários Helton Zeferino (Saúde) e Douglas Borba (Casa Civil) como os responsáveis por toda a operação.

Enfim, tudo faz parte do jogo político que, quem mexer uma peça errada, pode botar tudo a perder. E parece que a briga na Alesc vai acabar ajudando Carlos Moisés a voltar para o cargo e concluir seu mandato até o fim de 2022.


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