Cinco entidades da área da saúde de Blumenau e região participaram da sessão que deu início ao Programa Alesc Itinerante na tarde desta terça-feira, 7. Além de apresentarem a trajetória e os serviços de atendimento à população, as entidades também falaram sobre as demandas.
As indicações partiram da Bancada do Vale do Itajaí na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), composta pelos deputados Ana Campagnolo (PL), Carlos Humberto (PL), Delegado Egídio (PL), Emerson Stein (MDB), Ivan Naatz (PL), Marcos da Rosa (União), Napoleão Bernardes (PSD), Oscar Gutz (PL), Paulinha (Podemos), e do deputado Neodi Saretta (PT), presidente da Comissão de Saúde da Casa.
Associação Renal Vida
O presidente da Associação Renal Vida, de Blumenau, Luis Cláudio Francalacci, apresentou a instituição, que conta com cinco centros de atendimento, como patrimônio da cidade.
Segundo Francalacci, 160 mil brasileiros necessitam de tratamento dialítico, três vezes por semana, de três a quatro horas por sessão para sobreviver. “Muitos viajam longas distâncias até um centro de diálise, porque apenas 7% das cidades do nosso país dispõem de unidades de diálise. É sem dúvida, um fardo muito pesado para se carregar, não só para os pacientes, mas para familiares, amigos, vizinhos que, eventualmente, tem que acompanhá-los”.
O médico associou essas situações à catástrofe ambiental que está acontecendo no Rio Grande do Sul e informou que uma única sessão de diálise requer 150 litros de água, em falta no estado vizinho. “Vocês podem imaginar a situação que eles estão passando. Nós somos solidários a eles e a Renal Vida já se dispôs a enviar insumos e receber pacientes de lá”.
Sobre a doença renal crônica, o médico alertou que custa caro aos cofres públicos e tira qualidade e quantidade de vida, e que está crescendo exponencialmente. “Pelos dados que temos, ela vai logo ocupar a quinta causa de morte no mundo. Isso é, sem dúvida, um problema de saúde pública mundial”.
Para lidar com os desafios envolvendo médicos e poder público, Francalacci falou dos serviços que envolvem uma linha de cuidado avançada e integral no combate à doença renal, desde a prevenção até a reinserção social. “Faço um agradecimento pelo co-financiamento da diálise em Santa Catarina, mantendo a saúde financeira e a viabilidade das unidades do nosso estado, servindo inclusive de exemplo para outras unidades da União”, e parabenizou o sucesso da Associação das Clínicas de Diálise do estado, que contribuem para a manutenção dos tratamentos de doença renal crônica.
Em relação aos investimentos, ele apresentou a complexidade envolvida nos tratamentos, com a necessidade de equipes multiprofissionais e multidisciplinares. Também destacou a importância dos programas de prevenção, pois 70% das pessoas que precisam de tratamento de diálise têm diagnósticos de hipertensão ou diabetes ou os dois, condições, segundo o médico, controláveis do ponto de vista clínico.
Para esses programas de prevenção, são realizados cursos e palestras, assim como orientação de médicos e de outros profissionais envolvidos que auxiliam os pacientes em fases iniciais. A redução de pacientes em tratamento dialítico gera uma economia de R$ 76 mil por ano, por paciente, conforme divulgou Francalacci. “Hoje é possível retardar a progressão da doença em até 15 anos, com prevenção, evitando diálise ou transplante”.
Estimular o transplante renal nos casos necessários foi colocada pelo médico como a única garantia e qualidade de vida, em relação ao custo-benefício para quem faz diálise.
Além dessas informações, ele apresentou projetos de educação, informação de qualidade como programas para formação de médicos e demais profissionais sugerido ao Ministério da Saúde pela Associação Renal Vida e destacou que 94% dos atendimentos é financiado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “E com grande orgulho de dizer que com padrão Hospital Albert Einstein”.
Viva Parkinson
Margit Mafra, presidente da Associação Viva Parkinson, de Blumenau, exaltou a apresentação do projeto de lei 63/24, que dedica o mês de abril à conscientização da doença de Parkinson – Abril da Tulipa Vermelha. Margit agradeceu, também, as conquistas municipais, por meio de projetos de lei. “São conquistas que nos enchem de orgulho e satisfação, por serem fonte de força que nos inspira a fazer mais. O Parkinson é a doença neurológica que mais cresce no mundo, apesar de ser sub-notificada. Infelizmente, ainda falta informação sobre a complexidade da doença e o quanto prejudica pacientes e familiares”.
Segundo a presidente, ao contrário do que muitos pensam, o Parkinson não apresenta apenas tremores, como sintomas, e não acomete somente idosos. “Ainda não existe cura, tampouco um medicamento que possa interromper a evolução da doença, no entanto existe tratamento medicamentoso que controla os sintomas, quando usado juntamente com um tratamento multidisciplinar”.
Todas as atividades da Viva Parkinson acontecem no ginásio-escola da Universidade de Blumenau (Furb), pois ainda não conta com sede própria e os profissionais são todos voluntários, conforme Margit. Ainda assim, o trabalho da associação é referência no estado, com sedes em Joinville e Balneário Camboriú. Outras cidades do estado também estão se mobilizando para aderirem sedes e realizarem esse trabalho aos moldes de Blumenau.
Margit falou dos jogos realizados em Joinville, em 2023, evento considerado único no mundo, com repercussão internacional. “Temos consciência sobre o quão valiosa é essa parceria com o poder público, por isso precisamos de atenção para que possamos nos dedicar com qualidade a essa doença, ainda sem cura, mas com possibilidades de tratamento”, concluiu.
Hospital Santa Isabel
O Hospital Santa Isabel, de Blumenau, é referência no transplante de órgãos, segundo Juliano Petters, diretor geral. Com 114 anos de história, o Santa Isabel é um hospital privado e de propriedade da rede Santa Catarina.
“Tivemos uma mudança na entidade mantenedora. Em 2015, a Rede Santa Catarina, entidade beneficente de assistência social, assumiu o hospital, que é referência estadual em procedimentos de alta complexidade, em diversos segmentos da medicina e transplantes no Brasil”.
Petters apresentou a estrutura e informou que foi o primeiro hospital a fazer transplante de rim, em 1980; de coração, em 2000, e de fígado, em 2003. “Estamos ultrapassando a marca de 4,5 mil procedimentos de transplantes esse ano e somos referência para 90 municípios catarinenses na realização de cirurgias endovasculares (só existem três hospitais no estado que fazem esses procedimentos), cardiovasculares, oncológicas, braquiterapia e neurocirurgia. Atualmente, contamos com 1,3 mil colaboradores, em torno de 300 médicos, com mais de 50 especialidades. Em 2023, registramos 15 mil internações, 80 mil consultas, 170 mil exames, 10 mil procedimentos cirúrgicos, 296 transplantes”.
O diretor agradeceu aos profissionais da saúde e ao Parlamento pelos R$ 2 milhões direcionados ao hospital pela Frente Parlamentar Regional. “Essa distribuição feita pelo Parlamento com a sobra dos valores pagos pelos impostos catarinenses é fundamental. Infelizmente, os recursos do SUS, apesar de substanciais, ainda não são suficientes para o atendimento público. Diante da insustentabilidade do equilíbrio financeiro, pedimos ajuda do governo estadual e do poder público estadual”.
A médica Marianne Ramos de Lima e Silva, diretora clínica do hospital, supervisora do programa de residência médica e atual representante do corpo clínico do hospital, leu uma carta aos parlamentares apresentando a aflição com o impasse entre os gestores da congregação e o poder público para sanar os gastos.
“O hospital não é apenas um centro de saúde, mas um pilar fundamental na manutenção dos serviços de saúde, por meio do atendimento e da formação de médicos. Esse impasse coloca em risco milhares de vidas que necessitam do nosso atendimento. Apelamos às autoridades e à população, aos envolvidos na gestão do SUS, tanto no município, quanto no estado, pois precisamos garantir financiamento adequado nessa missão de salvar vidas e formar profissionais para continuarmos oferecendo serviços de qualidade. Esta carta do conselho médico representa todo o corpo clinico”, manifestou Marianne.
Rede Feminina de Combate ao Câncer
A Rede Feminina de Combate ao Câncer de Blumenau, fundada há 50 anos, foi apresentada pela presidente Sueli Roberti Cristofolini como a maior e mais antiga do estado.
Com o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social na Área de Saúde (Cebas), do Ministério da Saúde, a rede é reconhecida pela comunidade e pelo estado, onde realiza trabalhos de prevenção, tratamentos multidisciplinares e acompanhamento pós-tratamento.
Sueli destacou também os trabalhos de divulgação e informação em linguagem acessível realizados pela Rede, por meio de palestras e cursos, além de informar que a instituição realiza, aproximadamente, 500 mil atendimentos, todos gratuitos. “Por isso, precisamos de apoio para acompanhar a demanda crescente, manter a qualidade e estarmos atentas às novas tecnologias para inserir nos nossos atendimentos. Além disso, prestamos um tratamento humanizado que, muitas vezes, o estado não consegue oferecer. Os serviços prestados por nós serão muito maiores e efetivos se formos capazes de realizar parcerias com o poder público e receber recursos.”
Sueli sugeriu, ainda, que todos os parlamentares conhecessem a rede nos municípios do estado e ficassem a par de todos os serviços e atendimentos oferecidos.
Hospital Infantil Pequeno Anjo
Fundado há 55 anos, o Hospital Infantil Pequeno Anjo, de Itajaí, foi apresentado durante a sessão por Jurema Gontarski, diretora do Centro de Desenvolvimento Institucional, por meio de um vídeo institucional mostrando a trajetória e números relativos ao hospital, e colocou demandas ao Parlamento.
Referência pediátrica em 11 municípios catarinenses, 94% do atendimento do hospital é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), direcionado a crianças de zero a 14 anos de idade. Em 2023, foram realizados, aproximadamente, 60 mil atendimentos, com 4,8 mil internações e 1,4 mil cirurgias. O Hospital Infantil conta, também, com atendimento psiquiátrico, oferecendo oito leitos nesta especialidade. Mais de 230 profissionais trabalham no hospital, além de 60 médicos que atuam em cerca de 20 especialidades.
Uma das demandas apresentadas por Jurema foi a realização de um convênio com o estado. “Eu falo pelo nosso hospital, mas sei que, pelo menos, mais uns dez hospitais do estado, que trabalhavam com a política catarinense de saúde, que passava pelo Conselho Municipal de Saúde, por conta de mudanças burocráticas, foram prejudicados no recebimento de recursos. Deixamos de receber, por seis meses, R$ 1,96 milhão. Não existe planejamento estratégico que possibilite colocar as contas em dia e oferecer atendimento de qualidade nessas condições. Tem dias que temos 18 crianças internadas no pronto-socorro aguardando para serem realocadas nos leitos”, desabafou a gestora.
Jurema pediu aos parlamentares a proposição e aprovação de alguma emenda para suprir esses valores. “Demos entrada no processo em tempo hábil, mas por conta de burocracias o contrato não pode ser celebrado”, finalizou.
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