Vereador de Blumenau declara guerra a uma espécie de árvore

Planta estaria causando morte de abelhas e beija-flores da região

A flor alaranjada quase preenche a palma da mão de um adulto e a árvore de grande porte, com raízes africanas, está em diversos pontos de Blumenau. Bonita aos olhos, prejudicial ao meio ambiente. É o que defende um projeto de lei que tramita na Câmara de Vereadores e que pede a extinção e substituição de árvores da espécie Spathodea campanulata na cidade.

Autor da proposta, o vereador Adriano Pereira (PT) conta que diversos apicultores da região relataram o malefício às abelhas e beija-flores, o que motivou a criação do texto. Nele, fica proibida a produção de mudas e o plantio dessas árvores popularmente conhecidas como Bisnagueiras ou Espatodeas.

A Blumen Apis, associação que reúne cerca de 40 apicultores de Blumenau, comemora a iniciativa. O presidente da organização, Celestino Ziener, confirma que muitos insetos acabam morrendo, prejudicando a apicultura e meliponicultura (quando a abelha não tem ferrão) local.

“A árvore não é nem nativa do nosso país, é uma planta tóxica, inclusive pode ser nociva ao ser humano. O consumo do mel dessa flor é impróprio. É uma árvore que acaba com o meio ambiente com a matança de beija-flores e principalmente de abelhas”, explicou o vereador.

O parlamentar também sugeriu o corte e a substituição das existentes por vegetação nativa. Se aprovada como está, a multa para quem não cumprir a determinação será de R$ 1.000 por planta ou muda produzida.

A ideia surge no momento em que começa a ser elaborado o plano de arborização do município. O convênio entre Furb e prefeitura assinado na manhã desta quarta-feira, 14, oficializa o início do levantamento detalhado da situação arbórea da cidade. O trabalho envolve a identificação de espécies  existentes e a indicação dos critérios e parâmetros para a implantação e manutenção da arborização urbana.

O que dizem os biólogos

O biólogo da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Faema), Arnor Bublitz, explica que, além do prejuízo às abelhas, há a suspeita  de dano aos beija-flores. Além disso, a árvore está na lista de espécie consideradas invasoras da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma).

Mesmo sem o projeto, a indicação na Faema é de que haja a remoção dessas árvores sempre que possível (quando há relato de morte da planta ou quando elas atrapalham as áreas públicas). Segundo Bublitz, a  substituição por uma nativa só é feita quando o lugar é adequado.

O professor do Departamento de Ciências Naturais da Furb, André Luís de Gasper, acredita que ainda faltam estudos científicos que comprovem todos esses prejuízos trazidos pela Espatodea, mas que, por precaução, a medida é válida:

“O ideal é que o município não invista mais no plantio de nenhuma planta exótica, que a gente invista em plantas nativas para a nossa fauna de fato. Eu não digo cortar as atuais e substituir, porque vão levar décadas. O ideal é não plantar. Quando morrer uma exótica, substituir por uma nativa”, conclui Gasper.

O projeto foi apresentado nesta terça-feira e ainda precisa passar pelas comissões antes de ir ao plenário do Legislativo blumenauense.

 

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