O gerente regional da Celesc em Blumenau, João Marcos Ribeiro, esteve presente na sessão ordinária na Câmara de Vereadores na tarde desta quinta-feira, 17, para prestar esclarecimentos devido à falta de energia elétrica que atingiu a região na passagem do ciclone extratropical, em julho, e deixou alguns locais sem luz por mais de 70 horas.
Ele citou que a Defesa Civil registrou rajadas de vento que chegaram a 146,9 quilômetros por hora. “A região de Blumenau é muito arborizada, temos muita vegetação próxima a rede e, consequentemente, ventos de grande intensidade vão fazer com que aquela vegetação distante da rede vai se aproximar, árvores vão cair, galhos vão voar, placas vão se deslocar e atrapalhar a nossa rede de distribuição”, diz.
Alta demanda de serviço
Segundo ele, qualquer demanda de serviço relacionada ao ciclone é mais difícil de se resolver, pois há postes quebrados, árvores caídas e cabos rompidos. Ele informou que mais de 65 mil unidades consumidoras de Blumenau foram afetadas com a falta de energia elétrica.
“Não é só chegar e fechar uma chave para reestabelecer o sistema de energia elétrica naquele local. Requer, muitas vezes, uma emenda de cabo, um corte de vegetação, retirada de árvore, poste quebrado, transformador danificado. Ai vem a complexidade para entender o motivo do tempo de resposta não ser tão rápido como todo mundo quer”, frisou.
Segundo João, no dia 14 de julho foram registrados muitos atendimentos de cabos de energia caídos na via, que podem trazer riscos as pessoas que passam pelo local. Sendo assim, esses atendimentos foram priorizados.
De acordo com o gerente regional, a Celesc trabalha normalmente com 20 equipes, mas no dia do ciclone chegou a ter 43 equipes em campo. “Dobramos a nossa capacidade de emergência pois o nosso corpo técnico foi todo colocado para atender as emergências. Todo que tem treinamento e estavam habilidades e qualificados para irem a campo foram para ajudar as equipes”, comenta.
De acordo com João, 119 eletricistas atuaram no dia do ciclone – inclusive os terceirizados. A Celesc registrou 811 atendimentos em campo, encontrando 483 chaves fusíveis que estavam abertas, conhecidas como bananas, 12 postes quebrados e 14 transformadores danificados.
Poda de árvore
O vereador Gustavo de Oliveira, o Gugu (PSDB) questionou sobre a demora para podar as árvores em alguns pontos da cidade, e se a concessionária tem um cronograma para retirar as árvores e evitar que elas caiam na fiação.
João relatou que a Celesc tem um orçamento para realizar o serviço e que apenas no último ano foi gasto R$ 400 mil com isso. “O problema maior é que a árvore não pertence a Celesc, pertence ao proprietário do terreno. Pedimos para pessoa não plantar perto da rede, pois vai gerar transtorno no futuro. Mas ao ver que a árvore tem risco, ele pode comunicar a Celesc que vai avaliar e fazer a poda de segurança”.
Diego Nasato (Novo) também questionou o motivo de não ser feita uma busca ativas pelas árvores que apresentam risco, além da dificuldade para conseguir podar a árvore após ser feita a solicitação. “A Celesc é a única responsável e com condições técnicas de fazer todas essas podas de segurança, inclusive com uma regulamentação que estabelece a distância da linha de energia que é reponsabilidade da Celesc”.
O gerente regional explicou que após receber a solicitação, uma equipe vai ao local fazer a poda de segurança, cortando o que traz risco. Ele ainda ressaltou que a prefeitura também também realiza o serviço de corte de árvores, e que muitas vezes uma equipe da Celesc trabalha junto para eliminar o risco de choque elétrico.
Limpeza da via
Ailton de Souza, o Ito (PL) perguntou de quem é a responsabilidade por recolher os restos da poda da árvore. João frisou que a Celesc faz a poda de segurança, mas que a limpeza fica a cargo do proprietário da árvore, sendo o dono do terreno ou a prefeitura.
“Quando a Celesc corta a árvore, ela é recolhida pelo município ou pelo proprietário do terreno. Temos uma parceria com a prefeitura e todo o corte que nós fazemos é comunicado para que seja recolhida a árvore”, diz.
O vereador Adriano Pereira (PT) afirmou que existe uma lei municipal que diz que a prefeitura não é obrigada a recolher os restos das árvores podadas. “A Celesc cortou, a Celesc tem que recolher”.
João destacou novamente que a árvore não é propriedade da Celesc. “A árvore é propriedade de quem plantou ou de quem é o dono do terreno em que ela está. Aquele dono está gerando um problema com a árvore próximo a rede e a Celesc, para não ter o problema de afetar a comunidade, vai lá e faz o corte de segurança, mas a árvore tem que ser recolhida pelo dono dela”.
O vereador Carlos Wagner, o Alemão (União), autor do requerimento que pediu os esclarecimentos, disse que é preciso evitar que esse episódio se repita. Ele ainda disse que a própria população pode ser a causadora do problema devido a forma como são plantadas as árvores, muito próximo das redes de energia elétrica. Segundo ele é preciso pensar no futuro.
Cabeamento subterrâneo
O presidente da Câmara de Vereadores, Almir Vieira (PP) criticou as respostas da Celesc. “É uma vergonha a Celesc vir com discurso de que faz um orçamento de prevenção. É mais barato eu podar a árvore ou deslocar uma viatura lá na Vila Itoupava para acender uma banana? O que é mais barato: a prevenção ou deslocar várias equipes, pagar hora extra para fazer esse trabalho que é um desserviço?”. Ele ainda questionou se possíveis situações de crise são contabilizadas na hora de montar o orçamento.
O gerente regional alegou que não trouxe inverdades e apenas apresentou dados que estão no sistema. “Fazer um levantamento para retirar toda a árvore sob a rede Celesc ou deslocar é algo muito grandioso, pois toda rua tem vegetação”.
Ele diz que o que a Celesc pode fazer é trabalhar com a realidade que é fazer a poda de segurança, evitar a falta de energia para os consumidores, compactar rede e investir em tecnologia.
Almir ainda sugeriu que ao invés de gastar R$ 400 mil com a poda de árvore, a Celesc pode investir o valor em cabeamento subterrâneo. “O subterrâneo é a situação ideal, mas ele se aplica em regiões consolidadas e o custo do subterrâneo é dez vezes mais do que o custo da rede nua. E tudo que se investe reverte em tarifa de energia elétrica depois para o consumidor pagar. Em alguns casos é aplicável e em outros não”, afirmou o gerente regional.
Equipes de atuação
Ito ainda questionou se as equipes que dão suporte estão na região ou se só serão contratados quando ocorrer alguma catástrofe. Segundo o gerente regional, o grupo de trabalho foi constituído de funcionários da Celesc de Blumenau, e que quando há um episódio como a enchente de 2008, equipes de outras regionais são deslocadas para dar suporte. No entanto, ele frisou que essa alternativa não foi possível na ocasião, visto que o ciclone atingiu todo o estado.
“É como a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] diz: o dia do ciclone é um dia crítico, sai fora da nossa estatística, é completamente atípico, não tem como prever uma estrutura para trabalhar normal em um dia atípico”.
João também destacou que é financeiramente inviável ter uma estrutura para atender um evento atípico, como o Ciclone, com a mesma agilidade de um dia normal durante todo o ano. “Quando acontece um evento atípico é isso que nós fazemos, mobilizamos nossas equipes, chamamos quem está de folga para trabalhar e fazer o melhor. E pode ter certeza que todo funcionário da Celesc faz o melhor para garantir a qualidade e a continuidade do fornecimento de energia elétrica e eu tenho orgulho de dizer isso, pois aqui em Blumenau nós somos 262 funcionários que fizemos isso com muito amor”.
Investimentos
João esclareceu que para este ano a concessionária de distribuição de energia elétrica tem planos de investimentos de R$ 4,5 bilhões para melhoria em todo o sistema estadual, além da construção de novas usinas. Segundo ele, a agência regional de Blumenau atende 16 municípios e a estimativa de investimentos para a regional é de R$ 364 milhões entre 2023 e 2026.
Para Blumenau, que contempla 167,8 mil unidades consumidoras, a Celesc deve investir R$ 80 milhões. O gerente regional ainda destacou a subestação da Fortaleza, que terá um aporte de R$ 3,2 milhões para instalação de novo transformador de 26.6700kVA.
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