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Conheça as abelhas sem ferrão, criadas por quase 200 produtores de Blumenau

Desenvolvimento da atividade motivou criação de associação de meliponicultores

Inofensivas e ao mesmo tempo fundamentais para o ecossistema, as abelhas sem ferrão foram redescobertas em Blumenau. Cada vez mais moradores do município demonstram interesse e adquirem os insetos, responsáveis tanto pela produção de mel e cera como pela polinização de plantas.

Diferentemente das abelhas mais comumente encontradas, as africanas – trazidas para o Brasil pelos europeus –, os insetos não representam perigo e podem ser criadas na área urbana. Casas, terrenos e apartamentos podem abrigar as caixas com colmeias.

Os criadores da abelha sem ferrão são conhecidos como meliponicultores, e Blumenau conta com cerca de 180 pessoas que realizam a prática. O desenvolvimento da atividade incentivou a criação da Associação de Meliponicultores de Blumenau (Ame).

Regulamentação da prática

Conforme explica Fabiana Barros, uma das fundadoras da associação, a maior organização dos criadores se tornou necessária. “Nós trocávamos informações por grupos de WhatsApp, mas com o tempo isso ficou insuficiente. Precisávamos de uma representatividade para nossas demandas”.

Uma das principais pautas diz respeito à regulamentação da profissão de meliponicultor. A meliponicultura não é uma função reconhecida na Classificação Brasileira de Ocupações. “Eu precisei registrar minha empresa, e na especificação da função só podia escolher entre apicultor ou produtor de mel. Na verdade eu não sou nenhum e nem outro, sou uma meliponicultora”.

Outra função da associação, conforme explica Fabiana, é a de divulgar informações sobre a abelha sem ferrão. “O tema é ainda pouco conhecido, e também é preciso fazer um trabalho de conscientização da população sobre os cuidados com a abelha. Aquele veneno que é passado nas calçadas para matar os matos, por exemplo, é fatal para as abelhas”.

Segundo Fabiana, a vantagem da polinização das abelhas sem ferrão é o fato de serem insetos nativos da região. “Eles são os mais adequados para o nosso tipo de vegetação. As africanas não têm um desempenho tão bom nas nossas plantas. Além disso, por não terem ferrão, isso facilita no cultivo de frutas como o morango, por exemplo, no qual você precisa fazer a colheita diária”.

Foto: Bárbara Sales

Pesquisas em andamento

Em parceria com a Ame, a Universidade Regional de Blumenau (Furb) iniciou nos últimos meses uma série de pesquisas com abelhas sem ferrão. São frentes de trabalho que pesquisam polinização, avaliação dos méis e outras características das abelhas nativas da região.

O professor Sérgio Luiz Althoff está diretamente envolvido com a pesquisa de polinização de morangos. “Nós conhecemos um casal que realiza o cultivo de morangos orgânicos. Isso veio ao encontro das nossas necessidades, porque precisamos de plantações que não utilizem agrotóxicos, ou as abelhas serão mortas”.

A pesquisa ainda é inicial, e não foram colhidos resultados significativos no momento. Althoff explica que é possível que a polinização com as abelhas sem ferrão colaborem, inclusive, com o frio menos rigoroso que faz neste inverno. “Os morangos precisam de mais frio para se desenvolver. Contudo para as abelhas o clima é agradável, elas saem pra polinizar. Neste aspecto será benéfico para às frutas”.

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