Debora Arenhart (Cidadania) traz propostas para saúde, empresas e revitalização dos bairros

Concorrendo a um cargo público pela primeira vez, a professora universitária fala sobre seus planos para a cidade

Idade: 56 anos
Naturalidade: Blumenau
Profissão: Professora universitária
Grau de instrução: Ensino Superior completo
Número na urna: 
23

Confira o perfil completo da candidata. 

Disputando um cargo público pela primeira vez, a presidente da Associação da Mulher Unimediana de Blumenau é formada em Direito e Administração, além de ser mestre em Desenvolvimento Regional.

Natural do bairro Garcia, Débora atua como professora universitária. Seu vice, também do Cidadania, é Gilberto Francisco da Silva. Giba, como é conhecido, é ex-presidente da Associação de Moradores do bairro Água Verde.

Se preferir, ouça a entrevista no podcast do jornal O Município Blumenau no player abaixo:

Em sua entrevista, a candidata falou sobre suas propostas para saúde, especialmente focada na prevenção, investimentos na educação e no esporte e a importância da desburocratização da estrutura municipal.

“Temos muita consciência de que não podemos vender sonhos. Precisamos pautar nosso governo na realidade. Temos muitas coisas a resolver em Blumenau. Precisamos olhar as mulheres, as famílias, as crianças, os jovens, os bairros…”, comenta.

Assista à entrevista na íntegra:

Em seu plano de governo, você diz irá remodelar a atual atuação e gestão da saúde do nosso município. Você poderia ser mais específica?

Imagino que todos tenhamos essa sensação. A saúde é um problema nevrálgico em todos os municípios do Brasil. Temos um plano muito interessante em nosso plano de governo que chama Cartão Saúde. Parcerias público-privadas com empresas que têm todo equipamento pronto, sem necessidade de um investimento maciço do município.

As clínicas seriam conveniadas, como com planos de saúde, e o usuário teria crédito no cartão para diferentes especialidades. Ele teria condição de ir a uma clínica para conseguir diagnósticos e exames que custariam mais caro ao município e demorariam mais tempo.

É uma revolução para saúde de Blumenau, porque o usuário passa a ser atendido em clínicas de excelência com hora marcada. Não precisa esperar seis ou oito meses como vemos as pessoas esperando.

Essa é sua primeira participação em uma eleição municipal. Para desenvolver seus projetos seria importante uma boa relação com Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa e contatos no Governo Federal. Como acredita que faria isso sem essa experiência?

No dia 1º de janeiro, quando entrarem todos administradores municipais, a Câmara Municipal será um espaço para amigos e companheiros de trabalho. Não oponentes. Ali esqueceremos os partidos e passaremos a trabalhar por Blumenau. Vejo eles como representantes legítimos do povo e parceiros da cidade.

Nosso governo pretende trabalhar muito com os bairros, que conheço muito bem. Há muitos anos estou preparada, pois é um desafio muito grande administrar Blumenau. Eu conheço as dores e dificuldades das pessoas. Os presidentes de Associação de Moradores também serão nossos parceiros.

Queremos trazer cartório para um hospital municipal. No Hospital Santo Antônio, onde nasce a maioria das nossas crianças, as mulheres precisam sair do hospital e ir até o Centro fazer o registro. Precisamos do estado e do federal para isso.

Hoje, a Saúde é uma das secretarias que mais consome dinheiro da prefeitura. Quanto e como seria investido na prevenção? 

Acredito que é na infância que a sociedade começa. Ao longo da minha vida em ONGs e creches, atendendo crianças que hoje são adultas, conversava com muitas pediatras voluntárias. Em Blumenau temos crianças com deformidades ósseas por falta de alimentação correta.

A saúde começa na alimentação. Estimulamos o aleitamento materno e dizemos que a mulher tem que amamentar desde o primeiro dia. Mas e quanto ela não consegue? E quando precisa trabalhar? Daqui a pouco será um adulto adoecido por falta de alimentação correta.

Precisamos dar uma base de prevenção ao invés de correr atrás de solucionar os problemas e tratar as doenças. Insisto em termos pessoas técnicas em postos de saúde para termos noção clara de como está a saúde de Blumenau e quanto será investido. A prevenção é o melhor remédio e deve ser investimento prioritário.

Blumenau sempre foi referência no esporte amador. Ganhou muitos Jogos Abertos em Santa Catarina. O que a prefeita Débora pretende fazer para que Blumenau volte a ser destaque no esporte?

Nossos esportes tinham muitas parcerias público-privadas que desapareceram. Questões documentais precisam ser destravadas. Pessoas que fomentam o esporte precisam voltar a ter essa vontade. Talvez falte o município falar com as cooperativas de Blumenau para que o esporte volte a respirar.

Como presidente de ONG, nós ajudávamos uma voluntária com a gasolina e ela organizava campeonatos de xadrez nas escolas. Tenho certeza de que temos muitos voluntários. A Furb sei que é muito parceira.

Você se considera mais conservadora ou progressista? 

Eu tenho amor pelas pessoas e por Blumenau. Eu tenho um pouco de medo desses rótulos, pois nos separam de pessoas que poderiam conhecer nosso trabalho. O Cidadania é um partido de centro, de conversa, de diálogo. Não vou administrar de portas fechadas ou só aceitar propostas do meu partido.

O trade turístico está preocupado com o futuro dos eventos de Blumenau. Como seu governo investirá para o reforço desse setor?

Sou formada também em Administração em Hotelaria e Turismo. Depois fiz Direito e mestrado em Desenvolvimento Regional, que sempre passou pelas questões culturais. O patrimônio imaterial que Blumenau tem.

Estive com o pessoal do trade turístico. Eles só precisam que a administração pública destrave a vida deles, o restante eles fazem. Falta autonomia e liberdade. Temos empresários interessados em fazer, por exemplo, parques temáticos em Blumenau.

Temos uma beleza natural onde podemos instalar parques. Aqui temos mão de obra qualificada e interesse pro turismo. Não tenho dúvidas da importância da Oktoberfest, mas Blumenau é mais do que isso.

Como será a estrutura do governo? A candidata pensa em diminuir ou aumentar cargos e pastas?

Todos se incomodam com isso, e eu também. Percebo que o município precisa ter pessoas competentes, o que não é o mesmo que número. Na Alemanha há uma cidade do tamanho de Blumenau, com 300 mil habitantes, com sete funcionários na administração pública. Porque é descentralizado nas intendências dos bairros.

A revitalização das intendências do Garcia, das Itoupavas e da Velha são muito importantes. Elas estão subutilizadas e esquecidas. Existe uma série de coisas que só precisamos remodelar.

Ao invés de falar em enxugar a prefeitura, prefiro dizer a vocês que os técnicos que fazem a coisa funcionar, ficarão. O que é desnecessário, está inchando a máquina administrativa e custa muito caro, também não quero que aconteça mais.

Hoje temos muitas pessoas trabalhando na informalidade, principalmente na área de alimentação. Por outro lado, a vigilância sanitária se gaba de ser uma das mais rigorosas no estado. Empreendedores não têm autorização para trabalhar nem capital de giro ou linha de crédito. O que a prefeitura pode fazer para retirar essas pessoas da informalidade?

Essa semana estive conversando com pessoas que me relataram justamente isso. Estavam para abrir um empreendimento com uma verba, mas todas as exigências da Vigilância Sanitária acabaram com o dinheiro antes de receber a autorização para funcionar e eles desistiram.

Não tiro a importância deles, mas precisamos de um plano único de ação. Precisamos de desburocratização, autorização em 48 horas não é utopia. Deixa as pessoas trabalharem, criarem suas empresas.

Como diminuir o valor da passagem de ônibus e melhorar a qualidade do transporte coletivo sem criar um colapso na empresa que oferece o serviço?

Não podemos criar colapso até porque em uma ponta temos os motoristas. Eles precisam receber salário como qualquer outro trabalhador. A movimentação do transporte coletivo começa às 5h, com os funcionários das fábricas. A partir das 8h, estão quase todos vazios.

Precisamos sentar com a empresa para ver como estão os contratos deles, os custos, quantidade de motoristas, valor do salário… Não conhecemos o contrato dela com o município.

Precisamos otimizar o transporte público em hora de rush. No final do dia as pessoas estão entupidas nos ônibus. Talvez ônibus maiores nesses horários e menores em outros momentos, gerando menos custo para empresa também. Os veículos grandes rodando na cidade vazios geram custo para empresa.

Quais são as propostas para recuperação da saúde ambiental do município, especialmente dos rios?

Há 18 anos estou ligada às pessoas de Blumenau por conta da ONG. Não são poucos esgotos a céu aberto, casas com canos brancos descendo os morros e jogando nos mananciais. Não culpo as pessoas que não recebem infraestrutura. Eles pagam IPTU e não têm estrutura. O meio ambiente acaba sofrendo também.

Precisamos regularizar essa situação. Como podemos colocar Blumenau no topo do turismo com esgoto a céu aberto? Os turistas precisam poder andar pelos bairros. É um trabalho árduo, mas que precisa acontecer.

O governo precisa estudar a melhor maneira, firmar parcerias, chamar bancos internacionais. Sempre ouvi que investimento em saneamento básico não aparece, já que você não vê os canos. Mas você consegue ver a população saudável e feliz.

Um dos seus projetos é da implantação, execução e modernização da ligação Velha-Garcia. Como viabilizar essa obra que vai custar tanto dinheiro?

Dentre as pessoas ligadas ao nosso partido, temos muitos engenheiros. Blumenau já tinha um projeto muito interessante que o próprio Banco Interamericano tinha abraçado, mas ninguém deu continuidade. Os anéis periféricos precisam estar ligados, conectando os bairros, o que vai desafogar o Centro.

Ficamos tentando encontrar a fórmula mágica para desafogar o Centro, mas é só começar a trabalhar nos bairros, que já têm vida própria. Eles só precisam se comunicar entre eles. As obras que já existem, vamos tocar. O dinheiro já foi investido.

Blumenau tem as cobranças de água, lixo e esgoto interligadas. Uma determina o valor da outra. A senhora pretende mudar esse sistema?

Conversei já com o pessoal do partido que fará parte da nossa administração pública e esse consórcio precisa ser revisto. O custo é muito alto. E quem realmente trabalha, os catadores, são os que menos ganham.

As pessoas que recolhem lixo tem todo meu respeito. Não viveríamos uma semana sem lixeiro. Enquanto nós dormimos, eles estão trabalhando. E são os que menos recebem. Muitos lixeiros não chegam a tirar limpo R$ 1.700.

E ainda tem pessoas em Blumenau que, apesar de pagarem pelo serviço, o caminhão não consegue subir e eles não têm o lixo recolhido.

No seu plano de governo você fala em trabalhar para valorização dos profissionais de educação. O que de efetivo você pretende fazer?

Essa é uma categoria que muito me preocupa. Eu tenho um plano efetivo para os professores, até porque convivo com eles há muitos anos e conheço os sofrimentos dos que trabalham nas escolas municipais. Eles têm que fazer greve para reaver coisas que já eram de direito e foi retirado.

Eu não venho aqui criticar ninguém, mas me incomoda muito o salário ruim que os professores ganham. Os professores ACTs, ainda precisam ir ao município a cada três meses. Conheço pessoas que são ACT a cinco anos, porque não formalizam o contrato?

Quais suas propostas para a área científica?

Tenho visitado empresas da área da tecnologia com projetos lindíssimos, apenas esperando serem adaptados aos computadores das escolas municipais. Mas muitas não tem nem essa estrutura. Como as crianças vão concorrer com as escolas particulares?

Temos muitas empresas de TI em Blumenau precisando de pessoas capacitadas, com espaço para adolescentes. Elas estão só esperando o município chamar para firmarem parcerias.

Quais são suas propostas para área do turismo em Blumenau?

É o destravamento. Deixar o empresário trabalhar sem ser incomodado. Isso o trade turístico e o Convention Bureau reforçam. E é toda uma estrutura. Enxergamos o turismo como algo com grandes investimentos, mas nem é isso que o povo de Blumenau quer.

Tem a massa caseira, a cuca, o pequeno produtor. Nosso patrimônio cultural imaterial tinha tantas coisas lindas. Empresas têxteis, cristalerias, e estão esquecidos. Queremos fomentar pequenos comerciantes e dar condição para que eles trabalhem.

O seu partido tem um vereador que uma das bandeiras é a defesa dos animais. Mas muito desse trabalho é feito pelas ONGs. Quais serão as responsabilidades do Cepread no seu governo?

ONG é um grande aliado da cidade. O que precisamos urgentemente é um hospital municipal de veterinária. Se o município fizer uma parceria com os veterinários e com a universidade com certeza conseguiremos oferecer castrações e atendimentos.

Como você vê o futuro da Área Azul em Blumenau?

Eu penso na outra ponta. Me preocupo com as moças que trabalham com a Área Azul aqui no Centro. Esse sistema já está implantado. Muitas vezes temos que recorrer à estacionamentos pagos. Acho que a maior dificuldade é encontrar postos de troca.

A folhinha parece arcaica tendo aplicativo, mas se imaginarmos que esse investimento teria que vir do município, temos que ver o custo operacional disso antes de dizer que tudo será digitalizado.

Sobrando dinheiro de outros setores do município que estão carentes e tempo hábil para a questão do estacionamento se renovar, não tenho dúvidas de que irá ajudar os motoristas. Minha prioridade é arrumar os bairros.


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