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Dona de laboratório farmacêutico de Blumenau é presa

Estabelecimentos de saúde em outras cidades foram fechados

Uma farmacêutica de Blumenau, dona de um laboratório na cidade, foi presa pela Polícia Civil na terça-feira, 15. Uma operação realizada em Joinville prendeu três pessoas em Joinville, uma em Garuva e a blumenauense. Entre os profissionais estão médicos, um nutricionista e um biomédico.

Quatro estabelecimentos do ramo foram fechados temporariamente por ordem judicial, com suspeita de venda ilegal de medicamentos e exercício irregular de profissões. A operação foi realizada pelas polícias Civil e Militar, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Vigilância Sanitária.

O nome da farmacêutica ou do laboratório não foram divulgados pela Polícia Civil porque o processo ainda está em andamento.

Entenda o caso

O caso começou a ser investigado há cerca de dois anos, quando a 13ª promotoria recebeu um inquérito de um paciente que teria passado mal com um medicamento receitado por Felipe Francisco, dono da clínica F Coaching em Joinville.

A investigação identificou que ele já havia sido condenado por prática ilegal no Paraná, sendo condenado a oito anos de prisão por falsificação e venda de medicamentos sem registro em 2019.

Conforme a investigação, ele ficou preso por apenas três meses e voltou a atuar, tendo inclusive atendido em Joinville usando tornozeleira eletrônica.

A Polícia Civil identificou que não se tratava de um caso isolado e que havia um esquema criminoso. Conforme divulgado à imprensa em coletiva, foram criadas empresas com nomes de laranjas que eram familiares ou amigos de Felipe. Mãe, filho, ex-companheira e amigos estariam envolvidos. O esquema contava com atuação de nutricionistas, médicos e biomédicos.

Atividades irregulares

Segundo a polícia, Felipe não tinha licença sanitária para realizar os procedimentos que ofertava e armazenava os medicamentos de forma irregular.

O esquema revelado pela investigação aponta que médicos eram contratados para assinar receitas e que havia uma aliança com farmácias de manipulação para produção e venda de medicamentos inventados por Felipe e superfaturados. “Todos sabiam que era ilegal”, diz Elaine Rita Auerbach, promotora de Justiça.

“Quando o paciente ia à clínica e saía com receituário, tinha que ir em uma farmácia definida. Essa venda casada tinha manipulação de medicamentos”, conta Ross.

Conforme a promotora, como ele já havia sido preso por venda de medicamentos, as clínicas evitavam entregar receita. Ele criava os medicamentos e dava um nome aleatório para que ninguém conseguisse identificar se fosse investigado.

A promotora conta que nutricionistas faziam prescrição indevida de medicamentos como anabolizantes e biomédicos faziam aplicação de injetáveis dentro da própria clínica.

Elaine estima que milhares de pacientes foram vítimas. “Havia pessoas que buscavam essas clínicas para comprar falsificado. Mas havia quem não fazia ideia”, diz a promotora. Ela também conta que a investigação apontou comércio clandestino de medicamentos do Paraguai, além da aplicação de medicamentos vencidos.

Conforme apurado pela investigação, havia reclamações de efeitos colaterais diretamente para a clínica, como taquicardia, manchas na pele e disfunção erétil. O que eles faziam era receitar um medicamento novo para curar esse efeito colateral.

Conforme Elaine, em 2021 Felipe teria obtido um diploma em Nutrição, mas a polícia suspeita da certificação. Antes disso, ele chegou a apresentar um diploma falso no Conselho Regional de Nutricionistas, em Florianópolis, e foi processado por uso de documentos falsos.

Lavagem de dinheiro

Conforme a investigação apurou, o rendimento mensal da organização superava R$ 200 mil, que era o valor declarado no Imposto de Renda. A maioria dos rendimentos vinha da venda de medicamentos inventados por Felipe, que alterava fórmulas para ampliar os lucros e cobrava valores por “pacotes” superfaturados. Conforme a polícia, em parceria com as farmácias de manipulação, até simples fitoterápicos passavam por alterações.

Como ele já havia sido preso, nenhum dos bens estão no nome de Felipe, mas de familiares e amigos. Para lavar o dinheiro, ele fazia aplicações em outras empresas de fachada, superfaturava consultas e medicamentos, além de adquirir criptomoedas.

Segundo a promotora de justiça, a operação desta terça-feira apreendeu carros de luxo, documentos e realizou o bloqueio de contas digitais de criptomoedas.

Crimes

Os investigados podem responder por organização criminosa, falsidade documental, exercício ilegal da profissão e por falsificar, corromper ou adulterar, produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais.

“Essa é uma oportunidade muito grande para que os consumidores que se sentiam constrangidos, que exponham suas experiências”, finaliza Elaine.

A reportagem está em busca de contato com a defesa de Felipe Francisco e o espaço segue aberto para contraponto. 

*Colaborou Isabel Lima

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