Ivan Naatz (PL) fala sobre projetos para Blumenau, relação com o governo estadual e retomada econômica

Primeiro candidato a prefeito na sabatina de O Município Blumenau foi entrevistado nesta segunda-feira

Idade: 53 anos
Naturalidade: Blumenau
Profissão: Advogado
Grau de instrução: Ensino Superior completo
Número na urna:  22

Confira o perfil completo de Ivan Naatz. 

Se candidatando pela quarta vez, o advogado é atualmente deputado estadual de Santa Catarina. Após concorrer à prefeitura em 2004 e 2008 pelo PV, ele foi eleito vereador em 2012 pelo PDT. Em 2016, ele tentou o cargo municipal novamente pelo partido.

Atualmente no Partido Liberal, Ivan Naatz concorre ao lado do também advogado Hermes Soethe. O vice também é do PL, que optou por investir em uma chapa pura. Soethe é membro da executiva municipal e ajudou a estruturar o PL na cidade.

Se preferir, ouça a entrevista no podcast do jornal O Município Blumenau no player abaixo:

Na entrevista, o blumenauense fala sobre a experiência que acumulou na Assembleia Legislativa e como poderá contribuir para os desafios que a cidade irá enfrentar após a crise econômica gerada pela pandemia.

“Comigo não tem mimimi. Sou um cara de luta, de guerra. Por isso me identifico muito com o presidente Bolsonaro. A gente é igual porque fala o que tem que falar e enfrenta o que tem que enfrentar. Começa e termina”, declarou.

Veja quando serão as sabatinas com os outros candidatos.

Blumenau é a terceira maior cidade do estado, mas dentro da Alesc somos representados por três deputados estaduais. O senhor não acredita que se candidatando isso acaba comprometendo essa representatividade da nossa cidade no estado?

O processo eleitoral exige pré-selecionados, que devem apresentar um currículo mínimo do meio político. A experiência que eu tenho com a Assembleia, com o governo estadual, federal, Senado e frente parlamentar catarinense é fundamental para que possamos captar os recursos que a cidade precisa.

Assista à entrevista na íntegra:

Se a gente seguir a linha de que um deputado estadual não pode concorrer à prefeitura, estamos beneficiando quem perdeu a eleição. Temos candidatos que foram derrotados na última eleição para deputado estadual. Eles seriam os aptos a concorrer porque perderam?

Qualquer pessoa que assuma a administração da Prefeitura de Blumenau a partir do ano que vem vai ter que enfrentar esse problema que foi a queda brusca na arrecadação da cidade. Como você pensa em administrar uma cidade com tão poucos recursos? 

Acho que esse é o grande tema da eleição: enfrentar os reflexos da pandemia. Blumenau já vem de uma situação muito difícil nos últimos anos. Temos perdido empresas, nossa força econômica, temos diminuído significativamente nossa captação de impostos. Só pro ISSBLU, a gente tá devendo metade da arrecadação da prefeitura.

É cada vez mais difícil empreender e manter um negócio em Blumenau. Isso está afastando muita gente da cidade. A pandemia vai exigir de um futuro gestor compromisso com a austeridade. Meu desejo como prefeito municipal é deixar as portas da prefeitura abertas para receber todo aquele que quer empreender, tirar os entraves, diminuir a burocracia e gerar emprego. Gerando emprego a gente gera imposto e recupera o caixa.

Precisamos diminuir o tamanho da máquina, pagar menos aluguel, fechar estruturas, concentrar mais gente no mesmo lugar. Tem muita gente desnecessária no governo. O próximo prefeito vai ter que diminuir o custo da estrutura governamental. Depois disso, vai ter que incentivar a cidade a voltar a crescer, produzir, gerar emprego e ser a locomotiva do desenvolvimento de Santa Catarina.

No seu plano de governo tem um item chamado “fora parasita”, que corta todos os serviços não operacionais da prefeitura, passando esses serviços para os servidores de carreira. Quais seriam esses serviços e em quanto tempo isso seria feito? E como fazer isso se a maioria dos 8.856 servidores são da Secretaria de Educação e Saúde?

A cidade está contaminada por velhas ideias. Gente preguiçosa, incapaz de encontrar alternativas, viciada no serviço público. Acompanho a Prefeitura de Blumenau diariamente há mais de 20 anos e conheço servidores comissionados que estão há mais de 20 anos ocupando cargos públicos.

Minha proposta é identificar dentro desse grupo de pessoas que está há muito tempo no governo os nomes que precisam ser afastados. As que vamos trazer para governar no lugar delas, vão ter que fazer de forma enxuta, organizada e profissional.

Tenho várias críticas ao governador Carlos Moisés. Mas ele fez uma coisa que precisamos entender que foi boa: trazer profissionais para o lugar certo e governar com poucas pessoas. Isso permite que o cofre do estado esteja equilibrado e que os viciados no poder sejam afastados.

Hoje Blumenau tem 46 escolas municipais e três Centros de Educação Infantil. O senhor tem como proposta implantar pelo menos três escolas em tempo integral, chamadas no seu plano de governo de “escola modelo”. Sabendo que a estrutura física dessas escolas de Blumenau não são muito grandes, o que fazer com os alunos que estudam no outro turno? Onde os alunos vão estudar? Vão ser construídas mais escolas?

Lecionei por 12 anos e sou apaixonado pela educação. É um crime contra nossas crianças ter uma educação pública de qualidade inferior à educação privada. A “cidade da educação” que eu pretendo implantar busca transformar Blumenau na cidade com a melhor educação pública de Santa Catarina e inclui a construção desses espaços.

Dentro das nossas quase 50 escolas, muitas precisam de reformas. A proposta é identificar três dessas escolas – uma no Garcia, uma na Velha e outra na Itoupava Central – que possam se transformar nessas escolas modelo. Além de reforçar a formação do professor e retomar a alegria em educar.

O que fará com a Área Azul de Blumenau? Continuar da mesma forma ou será informatizada como em Jaraguá do Sul, São José e Florianópolis?

Diferente de vários municípios, a Área Azul de Blumenau começou como um braço do governo. Onde o governo põe a mão, o resultado não é muito satisfatório. Talvez o caminho da Área Azul seja a privatização do sistema. Ninguém será desempregado, todas as pessoas serão recolocadas.

Aproveitando, eu acho que é um crime o que se faz com o motoqueiro que está a trabalho ao cobrar Área Azul. Na campanha passada já disse que, se eleito prefeito, iria isentar os motoqueiros que usam o veículo a trabalho de pagar Área Azul.

Em seu plano de governo, o senhor afirma que realizará a contratação de profissionais de saúde de todas as áreas e especialidades ampliando atendimento e recursos. Com um orçamento reduzido, isso é viável?

Acho interessante essa história de não ter recurso. O governo federal mandou R$ 12,4 bilhões para Santa Catarina para o combate à Covid-19 e o governo estadual só conseguiu gastar R$ 680 mil. Eu mesmo fui entregar cheque pra prefeitos do estado e eles pediram para não mandar mais dinheiro porque não sabia o que fazer com o dinheiro.

Essa história de que não existem recursos para o fortalecimento da saúde já ficou para trás faz tempo. A política nacional de fortalecimento da educação básica e a política estadual de fortalecimento das estruturas hospitalares foram corrigidas nos últimos anos, o que desafoga significativamente os municípios de contribuir para manutenção da saúde. Principalmente a saúde especializada.

A saúde básica tá praticamente toda custeada pelo governo federal. E os hospitais também significativamente custeados pelo governo do estado. O que temos que fazer em termos de saúde é otimizar os recursos, diminuir a estrutura e aproximar cada vez mais o médico e o paciente. Estamos incluindo um programa que já existe em outros municípios que é o Conecta Saúde. Esse sistema é o que tem de mais moderno no Brasil hoje.

O senhor quer ampliar as cerca de 90 linhas de ônibus existentes, aumentar o número de terminais urbanos e a qualidade nos pontos de embarque e reavaliar o contrato com a BluMob visando baixar as tarifas e melhorar a qualidade dos ônibus. Se todas essas mudanças forem feitas, de onde vem o dinheiro? E para diminuir a tarifa o senhor pretende dar subsídio para a empresa de transporte coletivo?

Os números nos mostram que cada vez menos pessoas usam o transporte coletivo da cidade. Resultado de ações de governos passados que afastaram o usuário do transporte coletivo. Precisamos unir o usuário do transporte coletivo com a empresa que vai prestar o serviço, identificar os equívocos deste contrato, terminar os terminais de ônibus e estabelecer as novas rotas de corredor de ônibus, que são fundamentais para fluidez do transporte.

Se for preciso, a prefeitura tem que ser parceira desse processo dando às concessionárias a estrutura que ela precisa pra servir bem o nosso usuário. Meu desejo como prefeito é trazer tecnologia, modernidade e atrair novamente a população pro uso do transporte coletivo.

O senhor pretende implantar no seu governo o sistema “usou pagou”, pagando apenas o que você usa do Samae. Hoje o sistema já é pela aferição do relógio. O que muda? E quem vai pagar a diferença de quem consome menos?

Hoje tem tarifa mínima de consumo de água, que foi estabelecida quando foi feita a privatização do esgoto. Mesmo quem não tem esgoto tratado, precisa pagar o valor mínimo. Ninguém vai pagar a menos, só irão pagar o que consomem, o que é justo.

Em fevereiro o senhor deu uma entrevista para o jornal O Município dizendo que sua candidatura tinha intenção de quebrar esse ciclo de poder que existe em Blumenau. Contudo, quando o senhor foi vereador, chegou a ser líder do governo do prefeito Napoleão Bernardes. Como sua eleição pode ser considerada uma mudança nesse ciclo?

Quando o prefeito Napoleão assumiu o governo, eu acreditei piamente nele. Acreditei que ia poder fazer o que sempre quis, que é quebrar esse ciclo vicioso, permissimo e preguiçoso que comanda nossa cidade. Mas, infelizmente, pude perceber que o governo dele era igual aos governos que já haviam passado pela cidade e igual ao governo que se encontra hoje no poder. As mesmas pessoas com as mesmas ideias, compromissos, vícios e preguiça.

Aí o caminho foi deixar a lidença do governo e fazer parte de um grupo alternativo dentro da Câmara de Vereadores. Lamentavelmente, tentei fazer a CPI do transporte coletivo e da Foz do Brasil e fui vencido. Tentei trazer para Câmara de Vereadores debates importantes que a cidade precisava enfrentar e fui vencido, mas continuei ali lutando pelo que acreditava.

Nos últimos oito anos a Grande Garcia perdeu muitas empresas. Como consequência, muitas pessoas ficaram sem emprego. O que o senhor fará a respeito disso?

Sempre existi o sonho de atrair novas empresas para Blumenau depois que perdemos capital de grandes empresas, mas o processo ficou parado. Agora, a nossa missão é impedir que as empresas deixem a cidade. Para isso, a prefeitura tem que desbrurocratizar, não atrapalhar, não criar regras que impeçam a geração de empregos, fortalecer pequeno e médio empreendedor, não colocar fiscal em tudo quanto é lugar.

O senhor disse que vai ampliar o número de câmeras na segurança pública e monitorar os veículos nas ruas – e multar se necessário. O senhor também fala em criar a equipe da Guarda Feminina nas escolas. Para todos esses serviços, o senhor vai realizar concurso público para contratar mais funcionários ou serão terceirizados? Pois os atuais guardar municipais reclamam da falta de pessoal para cuidar do trânsito da cidade.

Precisamos de um sistema de monitoramento integrado entre os municípios vizinhos. Controle no entorno das nossas escolas para proteger nossas crianças. Utilizar a tecnologia para o monitoramento eletrônico, que custa mais barato e tem a mesma eficiência.

A ideia é fortalecer os servidores públicos que já fazem um bom trabalho, que é a Guarda Municipal. Dar estrutura, ouvir as demandas deles. Tudo que puder ser feito pela iniciativa privada, deverá ser feito por ela.

Se eleito, o que o senhor vai fazer com o Aeroporto Quero-Quero? Já que ele consome muito dinheiro da prefeitura e até hoje pouquíssimas pessoas se interessaram em utilizá-lo.

Temos muitas coisas pela metade na cidade. Rodoviária, estádio de futebol, Câmara de Vereadores, uma prefeitura caindo pelos pedaços… Metade da prefeitura paga aluguel. O Aeroporto Quero-Quero é outra coisa pela metade.

Temos que definir com a população o que ela quer com o aeroporto. Acho que ele é fundamental. Por ali chegam nossos transplantes, empreendedores, mas a cidade não pode mais ficar com o peso econômico de sustentar o aeroporto sozinho.

Sendo líder da oposição do governo estadual, como será a negociação com o governador Moisés caso você seja eleito e ele permaneça no cargo?

O próximo prefeito precisará estar próximo do governador para exigir a continuidade de duas obras que dependem do Governo do Estado: a SC-108 e o Centro de Convenções. Ambas já estão com investimentos encaminhados.

Não acredito que o governador permaneça. Acredito que teremos Júlio Garcia como governador interino até o fim do processo de impeachment e, logo depois, teremos eleições. Para mim é irrelevante quem será o novo governador. Mas tenho certeza que em 2022 a cidade terá uma parceria com o governador que vai transformar Santa Catarina, o senador Jorginho Mello.

Hoje temos duas obras em andamento em Blumenau: a ponte do Centro e a ligação Velha-Garcia. Como será a continuidade na sua administração?

Para mim, o alargamento da ponte Adolfo Konder é um desastre, porque não resolve o problema do engarrafamento nas cabeceiras. Ela exige uma desapropriação milionária de dois imóveis. Penso que a cidade perde recursos e uma oportunidade de construir uma outra ponte. Blumenau tem gastado mais dinheiro com o planejamento dos projetos do que efetivamente com as obras. A ideia é terminar o que eles começaram e encontrar uma nova alternativa para uma ponte no Centro da cidade.

Há um forte desentendimento entre a Prefeitura de Blumenau e a BluMob e o sindicato do transporte coletivo, que resulta em greves e paralisações. Como dar um ponto final nessa história?

Vivemos uma insegurança completa em termos de transporte coletivo. O segredo desse processo é manter uma atenção especial com os trabalhadores, motoristas, cobradores. Ficar vigilante no cumprimento das metas estabelecidas entre a empresa e os trabalhadores.

Não deixar que a relação entre os trabalhadores e a empresa chegue ao ponto da paralisação. Ser fiscal permanente. O Seterb é completamente omisso e o governo tem sido muito conivente com a empresa.

A Prefeitura de Blumenau deve metade da arrecadação para o Instituto Municipal de Seguridade Social do Servidor de Blumenau (ISSBLU)? 

De acordo com a Secretaria da Fazenda, os pagamentos da dívida com o ISSBLU corresponderiam a cerca de 12% da arrecadação do município. Entenda com os números abaixo:

A dívida foi renegociada e hoje está avaliada em R$ 63.065.322,46. Já os pagamentos de 2020 que foram suspensos pela pandemia ficaram em R$ 35.302.140,99, totalizando R$ 98.367.463,45.

Mensalmente, uma média de R$ 3 mil do parcelamento da dívida são pagos, assim como R$ 7.543.266,89 dos pagamentos suspensos. A partir desses valores, a prefeitura paga aproximadamente R$ 10 milhões por mês ao ISSBLU.

Entre janeiro e agosto de 2020, a receita corrente líquida do município foi de R$ 688.892.055,82. Isso torna a média mensal R$ 86.111.506,97, fazendo com que os pagamentos ao ISSBLU representem menos de 12% deste valor.

O governo federal enviou R$ 2,4 bilhões para Santa Catarina para o combate à Covid-19 que não foram usados pelo governo estadual?

De acordo com o Portal de Transparência do Poder Executivo de Santa Catarina, o valor bruto arrecadado para o combate à pandemia foi de R$ 1.719.108.704,90 – pouco mais de um bilhão e setecentos mil. Deste montante, R$ 1.429.390.138,03 seria proveniente da União.


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