Movidos pela fé e saudade, blumenauenses vão aos cemitérios da cidade

No Cemitério São José, padre João Bachmann rezou missa para as almas

A voz do padre João Bachmann ecoava por todo o Cemitério São José, no centro de Blumenau, na manhã deste feriado de Finados, 2. Enquanto o sacerdote rezava pelas almas, dezenas de pessoas circulavam entre os túmulos com flores, velas e baldes nas mãos.

A celebração ocorreu dentro do salão do Crematório Ecumênico, mas os amplificadores de som permitiram aos que não conseguiram lugar ouvir a missa em qualquer outro ponto do Cemitério.

Bianca Bertoli

De cabeça baixa, sentados sobre o sepulcro dos entes queridos, muitos escutavam o padre em silêncio. Adriana Silveira era uma dessas pessoas. A blumenauense, que vem todo o sábado deixar flores à mãe e ao pai que morreram há 12 e 2 anos, trouxe 12 rosas representando cada um dos irmãos neste feriado.

Um deles, Eduardo Silveira, veio junto e reparou que o túmulo ao lado estava coberto por inúmeras coroas com flores murchas, mas ainda coloridas. Era o túmulo do Mirelo, o vendedor de picolés mais conhecido da cidade que foi atropelado no último sábado, 28.

Bianca Bertoli

“A morte tem um valor educativo porque ela nivela todas as classes sociais”.

Alheios às palavras do padre João, o casal Fabrine Zan Vieira e Daniel Zilles conversavam baixinho enquanto ela pintava os pequenos anjos de metal que enfeitam o jazigo onde estão o pai, avô e tio dela.

O morador da Velha Ervin Fiamoncini também veio fazer uma pequena manutenção nas gavetas onde parte da família está. Ele conta que já recebeu o pedido para trocar a edificação de lugar, mas não quis. O remanejamento é feito devido à lotação, situação que atinge principalmente os cemitérios municipais. Atualmente, os cemitérios do Progresso, Velha e Escola Agrícola só aceitam os sepultamentos se houver exumação.

Sem se preocupar muito com o problema, Ervin olha para o céu e lembra que nos anos anteriores a chuva predominou nos dias das almas, mas hoje o sol deu outro tom para a manhã. Entre os semblantes que paravam diante dos túmulos, transparecia-se pouca melancolia, mas muita saudade.

“Sem fé, a morte é uma tragédia”, resumiu o padre.

 

 

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