Caminhos da imigração alemã em SC: da Casa Malburg em Itajaí à história da Colônia Blumenau

Capa: Casa Malburg, atual endereço da Receita Federal em Itajaí, foi construída em 1915. Está localizada na Rua Dr. Pedro Ferreira, n° 34, esquina com a Praça Vidal Ramos – Itajaí-SC.

Uma das questões que nos encantam na história é a continuidade das escolhas adotadas no presente e de como ela continua no espaço físico, elemento material de nosso trabalho científico a partir do Urbanismo e da Arquitetura.

Há algum tempo estudamos algumas personalidades da História da Colônia Blumenau – cenário da História do Vale do Itajaí, formado pelo Alto, Médio e Baixo Vale do Itajaí. Região que, por seus caminhos e vales, tinha ligação com o Oeste e a Serra catarinense – com Palhoça, São Pedro de Alcântara, Nossa Senhora do Desterro, Tijucas, Rio de Janeiro e Itajaí. Ligações muito estreitas, valorosas e, principalmente, contínuas.

Tentam destacar o “perfil açoriano” de Itajaí na Academia. Encontramos inúmeros trabalhos; no entanto, grande parte de seus personagens eram imigrantes alemães que tinham considerável ligação histórica com o Stadtplatz da Colônia Blumenau, viabilizada pelo transporte fluvial dos vapores que percorriam o grande rio Itajaí-Açu, ligando os portos fluviais da centralidade ao marítimo de Itajaí, e deste às demais regiões da costa brasileira e da Europa.

Hermann Bruno Otto Blumenau, na verdade, antes de ser fundador da Colônia Blumenau em 1850, e já existindo Itajaí, foi um dos fiscais enviado oficialmente pelo governo dos povos de língua alemã (ainda não existia o Estado alemão) ao Brasil, para averiguar denúncias contra o governo brasileiro e fazendeiros de famílias de imigrantes, que chegaram ao Sudeste do Brasil para ocupar o lugar da mão-de-obra escrava africana, de que foram enganados por aqueles que os aliciavam na Europa. No Brasil, Hermann Blumenau esteve no Rio de Janeiro e Nossa Senhora do Desterro, colônias que receberam aqueles que estiveram nas fazendas de café localizadas no Sudoeste brasileiro.

Nesta viagem, no papel de fiscal, conheceu a colônia alemã de São Pedro de Alcântara, a qual se encontrava com problemas e constatou que suas famílias estavam migrando para a foz do rio Itajaí-Açu e subindo suas águas, rumo ao Leste da província.

Deste ponto, muitas famílias de imigrantes alemães iam em direção à Serra Catarinense, e subiam o vale do rio Itajaí do Sul – rumo a Südarm – território da atual Rio do Sul, que, mais tarde, também faria parte do território da Colônia Blumenau.

Esta migração interna, via caminho para a Serra, fundou Ituporanga – na época Salto Grande, que se encontrava no limite entre Blumenau e Palhoça. Este fiscal, fundador da Colônia Blumenau, Hermann Bruno Otto Blumenau, coletou o máximo de dados, atento às informações que estas famílias de imigrantes lhe passavam, pois pretendia fundar sua firma, a partir da imigração de seus conterrâneos – uma colônia agrícola.

No papel de fiscal, resolveu conhecer o Vale do Itajaí, local para onde estavam migrando alemães do Vale do Cubatão, São Pedro de Alcântara e visitou famílias de imigrantes alemães já assentadas, como, por exemplo, a família de Johann Peter Wagner, ou Pedro Wagner.
Com base nestas movimentações, também foi fundada Itajaí, um pouco tempo antes, exatamente na foz do grande rio Itajaí-Açu, pois um migrante português vislumbrou grandes possibilidades econômicas e comerciais na região. O porto marítimo, antes de ser fundado em Itajaí, estava instalado em Porto Belo.

Itajaí – Itajahy – nome de tupi-guarani. “I” é genérico de “água”-“rio”

Vamos entender um pouco sobre como aconteceu a fundação de Itajaí e sua relação com a imigração alemã. Por que há muitos nomes de famílias alemãs na História de Itajaí, e esta foi fundada por um imigrante português?

Em decorrência dos muitos problemas dos imigrantes alemães que foram assentados na região de São Pedro de Alcântara, e também de muitos boatos políticos sobre quem fora o responsável pelo fracasso, o presidente da Província de Santa Catarina enviou um ofício ao Rio de Janeiro.

Nele, solicitou mais subsídios para os imigrantes, além daqueles que já haviam recebido – o que foi terminantemente negado sendo, então, instaurada a Lei de Terras, em 15 de dezembro de 1830, cujo artigo 4° assinalava: Fica abolida em todas as Províncias do Império a despesa com a colonização estrangeira.

Em meio à confusão burocrática e também devido a problemas internos de instalação, muitos dos imigrantes assentados em São Pedro de Alcântara foram “incentivados” mediante ressarcimento, a se mudar para outras regiões do Estado de Santa Catarina. E foi neste momento que se iniciou a história publicada de Itajaí e também a do Vale do Itajaí. A Colônia Blumenau ainda não existia.

Em 5 de maio de 1835 foi criada e Lei Provincial n° 11, pela qual foram fundadas duas colônias na Freguesia do Santíssimo Sacramento do Itajaí – caminho novo para os imigrantes que se mudavam da Colônia de São Pedro de Alcântara, considerado, a partir de então, o centro emissor de correntes migratórias internas. Após este momento histórico, famílias de imigrantes subiram o Vale do Itajaí via Itajaí, antes mesmo de ser fundada a Colônia Blumenau. Com base na mencionada Lei Provincial, foi criada uma colônia no arraial Pocinho, e outra no Itajaí-Mirim, com o Arraial Tabuleiro; a partir do desenvolvimentismo destes, surgiram outras duas: Belchior e Ribeirão Conceição (atual Gaspar). Nesta época, toda essa região, desde o mar até o Alto Vale, pertencia à jurisdição do município de Porto Belo. A nova lei estabelecia que cada imigrante tinha direito a uma porção de terra.

Foi nesse período que foi fundada Itajaí ou a Freguesia do Santíssimo Sacramento do Itajaí, na foz do grande rio Itajaí-Açu – a porta do Vale do Itajaí.
Essas movimentações sociais do início do século XIX foram acontecendo de maneira muito natural, após a migração interna iniciada a partir de São Pedro de Alcântara/Desterro. O porto de Itajaí ficava entre o Pontal do Norte e a Ponta Cabeçuda, ao Sul. Na frente do ancoradouro em que ficava a embarcação dos primeiros imigrantes chegantes à região, existia somente a Fazenda do Arzão – agora do administrador da Freguesia do Santíssimo Sacramento do Itajaí, major Agostinho Alves Ramos. A fazenda foi residência de João Dias de Arzão, companheiro do fundador de São Francisco do Sul, em 1658. Por isso era conhecida por esse nome. João Dias de Arzão era oriundo de São Paulo, e sua família procurava minas de ouro e outros metais preciosos pelo interior do Brasil. Naquele ano, ele requereu e obteve uma sesmaria – que é um lote colonial, às margens do rio Itajaí-Açu, em frente à foz do rio Itajaí-Mirim e ali construiu sua casa. Não tinha intenção de fundar uma povoação. Seu interesse, como todo bandeirante paulista, era de encontrar ouro e não obteve o sucesso desejado. O imigrante português Agostinho Alves Ramos – o administrador, quando conheceu o local – nas proximidades da foz do rio Itajaí-Açu, viajava buscando negócios, e o local lhe despertou ideias. Esse português vivia em Nossa Senhora do Desterro, onde era sócio de uma pequena venda.

Também lembrando que, no início do século XIX, a viagem via modal marítimo era muito comum na costa brasileira. Em uma dessas viagens, Agostinho Alves Ramos visitou pela primeira vez a Foz do Itajaí-Açu. Tanto gostou que se mudou para o local e requereu ao bispo do Rio de Janeiro a fundação de um Curato, o que aconteceu em 31 de março de 1824.
Para esclarecer, curato é um termo religioso, derivado de cura, ou padre, que era usado para designar aldeias e povoados com as condições necessárias para se tornar uma paróquia e, geralmente, as cidades “surgiam” em torno de uma igreja. O que de fato aconteceu, com a criação do Curato do Santíssimo Sacramento: estava fundada Itajaí. Construída uma pequenina capela e o cemitério aos fundos, logo começaram a ser então envolvidas por outros residentes, entre os quais, a liderança foi exercida por Agostinho Alves Ramos, seu fundador; e nesse momento, Itajaí foi a porta de entrada de muitos pioneiros, por meio do transporte fluvial pelo rio Itajaí-Açu, para fundar inúmeras cidades da rede de cidades da bacia do Itajaí. Correntes migratórias também vinham pelos “fundos”, via Palhoça, São Pedro de Alcântara, e pelo Norte, via Porto de São Francisco. Mas sem qualquer dúvida, Itajaí foi muito importante, principalmente pela presença do grande rio Itajaí-Açu, navegável entre a sede da Colônia Blumenau e o porto marítimo de Itajaí, que passou a ser um porto internacional, recebendo navios da Europa.

Malburg

De Blumenau, Nikolaus Malburg fixou residência em Itajaí, em 1858 e em 1859, em conjunto com José Henrique Flores, entre outros, solicitaram ao Presidente da Província, a elevação de Itajaí à categoria de município e, em 1860, fundou a Cia. Comércio e Indústria Malburg S/A. Ocupou diversos cargos públicos, tendo sido vereador e presidente da Câmara Municipal em diversas ocasiões. Quando chegou ao Brasil

A história de inúmeras famílias responsáveis pelo desenvolvimento de Blumenau apresenta histórias vividas em Itajaí; muitas das famílias de imigrantes alemães, chegando ao porto de Itajaí nem sequer subiram o rio Itajaí-Açu, fixando-se na cidade portuária.
Fizemos esta pequena introdução para mostrar a arquitetura de uma casa de Itajaí, mencionada na história de inúmeras famílias que subiam o rio Itajaí-Açu a vapor: a Casa Malburg. Muitos dos comerciantes da Colônia Blumenau trabalharam na Malburg, e para a família com o mesmo nome.

Em 30 de janeiro de 2022, fomos conhecer o local da Casa Malburg, para registro histórico e a encontramos.
Atualmente, está localizada na Rua Dr. Pedro Ferreira, n° 34, esquina com a Praça Vidal Ramos – Itajaí-SC.

A Casa Malburg pertenceu a descendentes do imigrante alemão Nikolaus Malburg, que chegou à região na mesma década em que chegou o fundador da Colônia Blumenau, Hermann Blumenau, onde a família também residiu na comunidade Altona. Esta família, em função dos feitos e do destaque na economia local e regional, tinha livre acesso a algumas casas do Vale do Itajaí, mas a descrição sempre era semelhante quanto às práticas sociais e perfil dos negócios. Como, por exemplo, a narração a seguir.

Nikolaus Malburg, conhecido em Itajaí e Blumenau por Nicolaus, nasceu em 25 de janeiro de 1832 – na cidade de Schweich, na região do Mosela – Alemanha. Seus pais foram Johannes Malburg (1799 – 1858) e Anna Maria Scholzen (1797 – 1873).

Casou-se em 4 de outubro de 1858, em Itajaí, com Catharina Häendchen (1848- faleceu em 10 de março de 1929 em Gaspar), nascida em São Pedro de Alcântara – confirmando a migração interna – na Província de Santa Catarina. Os pais de Catharina foram Antonius Vincent Händchen e Gertrud Händchen (solteira – Born Zimmermann).

O casal Malburg teve os seguintes filhos: Carlos Frederico Malburg; Leopoldo Malburg; Adélia Malburg; Emilia Malburg; Carl Malburg; Bruno Ferdinando Malburg; Hulda Malburg; Adélia Malburg; Nicolau Malburg; e Nicolau Malburg. Nikolaus Malburg faleceu em 8 de maio de 1890, no Rio de Janeiro, com 58 anos de idade, e está sepultado em Itajaí.

Nikolaus Malburg e Catharina Häendchen foram patrões de algumas personalidades da História de Santa Catarina

O patriarca da família Konder

Marcus Konder Sênior nasceu na mesma cidade de Nikolaus Malburg, Schweich, Trier, Rheinprovinz, Prussia, e migrou para o Brasil – influenciado por ele, que o convidou para ser professor de seus filhos.  Esse contato aconteceu porque em 1872, Nikolaus Malburg visitou sua terra natal, e o convidou para migrar para o Brasil.

Em 1872, Nikolaus Malburg, em viagem na Alemanha, convidou Marcus Konder Sênior para ser professor particular de seus filhos, com um salário mensal de Rs. 15$000, além de casa e comida. Geralmente, oferta semelhante fez a muitas outras figuras da História regional e apresentaremos algumas neste artigo, pois todos trabalharam na Casa Malburg, em algum momento de sua história.

O Primeiro Cônsul Honorário do Império Austro-Húngaro na Colônia Blumenau e comerciante

Outra personalidade da história de Blumenau que passou pela Casa Malburg foi o primeiro Cônsul Honorário do Império Austro-Húngaro, Leopold Franz Hoeschl.
Hoeschl deixou o seguinte registro, escrito de próprio punho:

Por ocasião da nossa chegada em Itajaí, hospedamo-nos em casa de Malburg, que era, então, a única hospedaria existente. O senhor Nikolaus Malburg, amigo de meu irmão Karl, mandou a este, em novembro, uma carta em que dizia: “O teu jovem irmão me deixou muito boa impressão e como, de certo, já se acha mais ou menos adaptado a esta terra, poderá entrar no meu negócio”. Ali, a minha ocupação era, por bem dizer, a de “pau para toda obra”. Entre outros encargos eu era carregador, guarda livros, tratador de cavalos, engraxate do senhor meu chefe, professor do filho mais velho, Leopoldo etc., com exceção de carregador de cubos, o que me neguei fazer à senhora minha chefe. E tudo isso por, apenas, 10S000 por mês. A senhora Malburg, em geral uma excelente mulher, obrigou-me a deixar o serviço pela sua sovinice e desconfiança, embora contra a vontade do sr. Malburg e do meu irmão.” Leopold Hoeschl.

Fundador da marca Weege e ex-vereador de Blumenau

Albert Hermann Friedrich Weege ou, Hermann Weege, como era conhecido em Pomerode e região, trabalhou com os Malburg em 1891, quando tinha 14 anos de idade. O menino Weege trabalhou como aprendiz na Casa Comercial Malburg. Permaneceu no local por 4 anos, quando resolveu ir trabalhar na firma Francisco Hauer, de Curitiba. Após 3 anos, retornou de Curitiba para a casa paterna de bicicleta, que estava localizada na cidade de Pomerode – parte do território da Colônia Blumenau. Weege nasceu em 28 de maio de 1877 e faleceu em 23 de janeiro de 1947.

Casa Malburg

A Casa Malburg, atualmente localizada na Rua Dr. Pedro Ferreira, esquina com a Praça Vidal Ramos, construída de frente para o rio Itajaí-Açu como firma, foi fundada no século XIX, e a edificação foi construída em 1915.
A Cia. Malburg S.A. foi fundada em 1860, por Nikolaus Malburg, que se estabeleceu em Itajaí depois de já haver residido na sede da Colônia Blumenau. Em 1915, a família de Bruno Malburg se mudou para a casa assim que foi concluída sua obra. Foi residência da família até 1937.

Arquitetura Casa Malburg

A Casa Malburg de 1915 lembra muito as edificações do início do século XX, que encontramos na região do Mosela e também na Francônia, Norte da Baviera, Alemanha. O projeto foi assinado pelo arquiteto alemão Renhold Erdmann Rönick, que projetou outras casas de famílias pioneiras alemãs na cidade de Itajaí. O arquiteto foi contratado por Bruno Malburg e sua construção, conforme mencionado, foi finalizada em 1915. A título de registro, o arquiteto se casou com Anna Germer, nascida em 15 de agosto de 1873, falecida em 18 de setembro de 1895. Rönick nasceu em 4 de julho de 1866 na cidade alemã Halle e era filho de Heinrich Rönick e de Auguste Pallas.

O estilo da Casa Malburg é o eclético, munido de muitos arabescos e elementos do neoclássico, como a simetria das fachadas, a presença da mansarda e do Keller – porão. Aberturas de madeira trabalhada com duas folhas, muito comum no Vale do Itajaí, e estranhamente confundida com arquitetura francesa em algumas fontes. Também lemos, em um texto, a expressão “estilo hanseático” para definir a arquitetura dessa casa. Isto não existe. Nunca encontramos um estilo de arte que reportasse “estilo hanseático”.

A arquitetura do pioneiro na região do Vale do Itajaí seguia os estilos de arte dos períodos da História na Alemanha e também, na Europa. A Colonizadora Hanseática, como aportou meio século depois dos primeiros pioneiros na região, trouxe as novidades para a região, mas não possuía um “estilo” somente seu, conceito que reporta a períodos da história da arte.

É preciso tomar muito cuidado com o que se escreve e se propaga nas redes sociais.
A família Malburg, empregadora de alguns dos nomes da história regional, foi muito mencionada, o que fez despertar nossa atenção sobre sua história. Tornou-se referência na economia de Itajaí e do Vale do Itajaí, com grande importância para Blumenau.

Casa Malburg – História e Uso

Em 1937, a Casa Malburg deixou de ser de uso residencial e passou a ser a sede da Cia. Malburg S.A. Entre 1938 e 1948, a família Strenzel se instalou na edificação histórica para uso de hotel/pensão. Na década de 1960 a firma faliu. O local abrigou a sede da Cia. de Seguros Minas Brasil e foi novamente transformada para uso residencial, sede do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL) e escritórios. Em 1986, a Casa Malburg sofreu um incêndio que destruiu parcialmente sua estrutura.
Em 1988 foi criada uma comissão pró-reconstrução do Casarão Malburg. Entre os anos de 1989 – 1992 ocorreu sua restauração sob investimento do mecenas Receita Federal, e no local são instalados os seus escritórios. O engenheiro responsável pelo restauro foi o engenheiro Edy Genovez Luft e sua equipe. Em 1990, com um movimento em prol da casa por sua importância histórica, esta foi restaurada pela Receita Federal, e ali passou a funcionar a Delegacia da Receita Federal. O complexo conjunto da propriedade da Receita Federal recebeu um edifício novo, com tecnologia contemporânea.

Tombamento

A Casa Malburg, em Itajaí-SC, foi tombada por sua importância cultural pelo FCC – Fundação Catarinense de Cultura, sob a denominação “Casa Malburg”. O número de seu processo é 168/2000 – Resolução de Tombamento: Decreto nº 3.460, de 23 de novembro de 2001.
Descrição: construída em estilo eclético entre 1912 e 1915, sofreu um incêndio em 1982, mas foi totalmente restaurada e reformada dez anos depois. Atualmente, abriga a Receita Federal.

Um Preito de Saudade

Por Gustavo Konder

“Apesar de não possuir o dom de biografar, desejo escrever algo aos meus leitores sobre a vida atribulada do meu saudoso mano Alexandre Marcos Konder, um ano mais velho do que eu.
Nasceu em Itajaí, no ano de 1904, no velho casarão aportuguesado, de muitas janelas, com vidros triangulares e de muitas cores, e que pertenceu ao velho Pedro Mueller, mais tarde ao velho Marcus Konder Sênior, meu avô paterno. Atualmente este casarão histórico não existe mais.
Nostalgia do seu embarque, juntamente com papai, no simpático vapor “Max”, atracado no trapiche Malburg e, também, como a nossa amorosa mamãe chorava copiosamente, cobrindo o seu rosto com as mãos. Eu, ingenuamente, indiferente, me interessava apenas pela manobra de desatracação do pequeno paquete.
Em Blumenau, parte da família Malburg residiu na comunidade de Altona, nas proximidades da Cia. Salinger ao lado do Novo Prédio da Cia. Paul.

Porto de Itajaí está fechado

Nesse mês de julho, um dos modais responsáveis pelo transportar dos pioneiros oriundos da Europa para o Vale do Itajaí – o porto de Itajaí, de madeira inédita, está fechado. A causa? Ainda não investigamos, mas não é preciso lembrar sobre a importância desse porto para toda a região do Vale do Itajaí, quase semelhante à importância da ferrovia EFSC, também desativada à canetada em 1971 e sucateada aos poucos, com essa intensão. Foi nesse porto que desembarcaram os Malburg para contribuir com o desenvolvimento de Itajaí e indiretamente, de Blumenau e região.

Registro para a História

Referências

• Conclusões do autor – Taunay. Revista Blumenau em Cadernos. Tomo XXIII. N° 7. Julho de 1982.
• HUMPL, Max. Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona: desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau; Méri Frotscher Kramer e Johannes Kramer (orgs.). – 1.ed. – Blumenau (SC): Edifurb, 2015. – 226 P.: il.
• Itajaí, História e Fotos. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/itajai/historico . Acesso em 12 de julho de 2023, 2h20.
• KONDER, Gustavo. Um Preito de Saudade. Blumenau em Cadernos. Tomo XIII. Março de 1972. N° 3.
• LAGO, Paulo Fernando. Santa Catarina: a terra, o homem e a economia. Florianópolis: UFSC, 1968.
• Leopold Hoeschl – Figuras do Passado. Revista Blumenau em Cadernos. Tomo II. N° 12. Dezembro de 1960.
• MÜLLER, Fernando. Uma Viagem Acidentada. Blumenau em Cadernos. Tomo XI, setembro de 1970. N° 9.
• Visite Itajaí. Disponível em: https://www.visite.itajai.sc.gov.br/historiaecultura. Acesso em 30 de janeiro de 2022.
• SEVERING, José Roberto. Itajaí e a Identidade açoriana: A maquiagem possível. Universidade Federal de Santa Catarina UFSC – 1998. 161p. Bibliografia; p. 147-61 – Orientadora: Maria Bernardete Ramos Flores. Tese (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina – Departamento de História.
• SILVA, José Ferreira. História de Blumenau. -2. ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 P.
• WIKIPÉDIA. Historical map of German colonies at South Brazil (1905). Kolonien Suedbrasilien.png. 1905. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Kolonien_Suedbrasilien.png . Acesso em: 11 de julho de 2023 – 11h39.
• VIDOR, Vilmar. Indústria e urbanização no nordeste de Santa Catarina. Blumenau: Edifurb, 1995. 248p, il.

Leituras Complementares – Clicar sobre o link escolhido: