Larissa Guerra é jornalista, chef de cozinha e sommelier de cervejas

Entre os corredores lotados e estandes caprichados à espera dos consumidores, uma cervejaria virou um mistério no Festival da Cerveja de Blumenau. Não eram poucos os que, na noite de abertura, quarta-feira, 7, percorriam os setores do Parque Vila Germânica e se perguntavam: quem é e onde está a Cervejaria Cathedral?

Fato é que ela não está. A ganhadora do título de cervejaria do ano não participa do 10º Festival Brasileiro da Cerveja. Se você não é um dos jurados do concurso ou não estava na festa de premiação na última terça-feira, as chances de saboreá-la aqui em Blumenau são praticamente nulas.

A cervejaria Cathedral é um brewpub – um tipo de bar que produz a sua própria cerveja – localizada em Maringá, uma das cidades mais populosas e desenvolvidas do Paraná. Foi fundada em 2014 e inicialmente trabalhava como uma cigana, usando as estruturas de uma fábrica terceira e vendendo cervejas engarrafadas.

O brewpub estreou em 2016 e marcou uma virada no conceito da marca. Deixou-se de lado o esquema de venda externa para abraçar a produção em menor escala, reforçando a exclusividade de consumir a cerveja somente no bar da cervejaria ou em pontos parceiros (a maioria localizados em Maringá mesmo). Com isso, quem frequenta a Cathedral sabe que está tomando uma cerveja mais fresca, sem pasteurização e sem sofrer com os problemas de transporte de um lugar a outro.

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Filas são comuns na porta do bar e os comentários em redes sociais são repletos de elogios à qualidade das cervejas, ao atendimento e à gastronomia – acompanhados de conselhos para que as pessoas cheguem cedo ou façam reserva. São 16 torneiras com opções de chopes sazonais, de linha fixa ou colaborativas e de cervejarias parceiras.

Jovem cervejeiro inscreveu mais de 50 amostras

O fato de um brewpub ter ganhado o título de melhor cervejaria do Brasil por si só já é digno de nota. Nos bastidores, ouvi na quarta-feira donos de cervejarias artesanais já consagradas comentando o caso, num misto de perplexidade, inveja e admiração.

 

Para o cervejeiro da casa, Paulo Nami Filho, a conquista da Catheral é resultado de um esforço de toda a equipe:

“Acho que ainda vai demorar uns dias para passar esse sentimento de felicidade. A gente nem acredita ainda, na real. Passamos nove meses envolvidos nesse projeto e esse prêmio é tão importante e está sendo tão comemorado por nós porque sabemos que todo mundo acreditou e teve sua parte de colaboração nisso”.

Paulo é um jovem cervejeiro de 24 anos e diz que a equipe se dedicou a estudar profundamente os estilos, as premiações em Blumenau e se empenhou em criar ótimas cervejas. Ao todo, a Cathedral inscreveu mais de 50 amostras, faturando 15. É praxe entre as cervejarias inscrever muitas amostras, mas a estratégia da marca deixa claro o quanto seus profissionais estudaram e se dedicaram a este momento.

Que colham bons frutos enquanto nós aqui lamentamos a sua ausência e pesquisamos preços de passagens para Maringá.