Quem foi Otto Stutzer, que de agricultor se tornou prefeito de Blumenau em 1895

Capa – Foto de capa da Galeria de ex-Prefeitos de Blumenau. Otto – Stutzer – Mandato – 16 de abril de 1895 a novembro de 1898. [Prefeitura de Blumenau]

Frederico Kilian

Ao observarmos uma fotografia histórica do casamento de uma das personalidades de Blumenau que muito contribuiu para o resgate da História local e regional, Frederico Kilian, deparamo-nos com a figura de um membro de sua família, do século XIX, personagem importante na História da Colônia Blumenau – Otto Stutzer.

Conhecemos os descendentes de Frederico Kilian – Família Kadletz (família de sua filha Orla Elizabeth, que se casou com Harmut Werner Kadletz, pais de Bruno [escritor e historiador], Renato, Carlos e Vera), e nos sentimos muito próximos da história transcorrida no século XIX, a partir da família Stutzer.

Frederico Emilio Kilian (que poderia ter sido originalmente, em alemão, Friedrich Emil Kilian) nasceu em 8 de julho de 1898, em Palhoça (SC), filho de Alwin Alfred Eduard Kilian e de Maria Magdalena Burckhardt. Na década de 1920, Frederico se casou com Gertrud Müller, neta do irmão de Fritz Müller, Friedrich Wilhelm August Müller. Os irmãos Müller chegaram a Blumenau em 1852.

Frederico Kilian conheceu os avós de sua esposa Gertrud, Otto Stutzer e Therese Kilian (solteira Bichels), como ilustra a fotografia.

Quem foi Otto Stutzer?

Otto Stutzer nasceu em 3 de fevereiro de 1836, no mesmo condado em que nasceu Hermann Bruno Otto Blumenau, fundador da Colônia Blumenau: Brauschweig – Reino de Westphalia. Eram conterrâneos e contemporâneos, com uma diferença de idade de 16 anos. A distância entre os povoados em que cada um nasceu era de 68Km.

Ele nasceu no povoado de Seesen e Hermann Blumenau no de Hasselfelde.  O pai de Otto Stutzer foi o pastor luterano Benjamin Stutzer, e sua mãe, Elise Berth von Goslar Stutzer (casamento realizado em 30 de outubro de 1808 em Goslar – Hannover).

Condado de Brauschweig

Condado onde nasceram Otto Stutzer e Hermann Blumenau.

Trajes Históricos do Condado de Braunschweig.

Este traje é chamado de Braunschweigerlandestracht, sendo um dos trajes históricos adotado pelo grupo folclórico alemão de Blumenau, Eintrachtvolkstanzgruppe, que completa 35 anos de fundação em maio de 2023.

O Eintrachtvolkstanzgruppe começou em 3 de maio de 1987, quando haviam acontecido somente três edições da grande festa local – Oktoberfest – o grande “palco” do renascimento das práticas culturais, abafadas na época do Nacionalismo.

As pessoas que fundaram as cidades na região do Vale do Itajaí, e também em outras regiões de mesma cultura, sofreram bullyng oficial do Estado brasileiro, tendo sido tirado de suas famílias o direito de praticar o lazer, a cultura e o entretenimento. O grupo folclórico iniciou com um grupo de jovens da Igreja Evangélica de Confissão Luterana da Itoupava Central.

Otto Stutzer trabalhou na agricultura, no povoado de Seesen – Condado de Brauschweig. Era prática comum no local, mesmo seu pai ocupando o cargo de pastor luterano. Trabalhou desde criança.

Sua formação tinha relação com as práticas agrícolas feitas na propriedade dos Evensen, nos arredores da sede do condado, também comuns nas vilas e cidades da Alemanha.

Mais tarde, ainda muito jovem, Otto Stutzer foi trabalhar em um engenho de açúcar de beterraba, em Bohmersleben, próximo a Magdeburg. Seu empregador mantinha grandes plantações de beterrabas.

Quando ainda trabalhava na usina de açúcar de beterraba, Stutzer conheceu a propaganda de Hermann Blumenau e de sua colônia fundada no Brasil – a Colônia Blumenau.

Lembramos que Hermann Blumenau conheceu o Brasil quando ocupava o cargo de agente fiscal do governo alemão na “Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães”, criada para verificar as condições dos imigrantes alemães nas fazendas de café localizadas no Sudeste, em que sofriam maus-tratos, conforme denúncias que chegavam aos familiares desses imigrantes na Europa.

Contratos e acordos não eram respeitados por parte do governo brasileiro e de proprietários de fazendas, como também os imigrantes não viviam em boas condições, diferentemente daquilo que era nas regiões onde atualmente situa-se a Alemanha.

Como representante oficial do governo alemão, Hermann Blumenau, além das fazendas, também visitou colônias de imigração alemã nas províncias do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande, além da capital do Brasil na época – Rio de Janeiro.

Ao contrário de denunciar o que viu e era amplamente alardeado pelas famílias de imigrantes alemães, retornou para a Europa fazendo propaganda positiva, com o intuito de povoar a sua própria colônia, uma empresa agrícola privada, que fundou no momento em que esteve no Vale do Itajaí e foi recebido pela família de Pedro Wagner, instalada no local em 1847. Otto Stutzer foi importante para Hermann Blumenau nestes primeiros anos da história de sua colônia.

Blumenau viajou para o Brasil em maio de 1846, e retornou à Alemanha em 1848.
Em síntese, o fiscal da “Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães” – Hermann Blumenau – prioritariamente toma as providências necessárias para materializar a fundação de sua colônia que recebe o seu nome – Blumenau. A data de fundação da Colônia Blumenau ficou registrada posteriormente à ocorrência dos fatos históricos, como o dia da chegada dos 17 primeiros imigrantes alemães à região, em 2 de setembro de 1850, via embarcação fluvial.

Hermann Blumenau deixou publicações da nova colônia além-mar na região de sua terra natal – onde se insere o personagem Otto Stutzer. Este ficou muito interessado ao ler a publicação de Blumenau, com propaganda da colônia fundada às margens do rio Itajaí-Açu. Nessa época, Otto Stutzer conversou com o sobrinho de Hermann Blumenau que ainda estava na Europa – Reinhold Gärtner, irmão de Viktor Friedrich Bruno Gärtner, conhecido Victor Gärtner, para obter mais informações sobre o Brasil.

Otto Stutzer decidiu fazer vida nova, acreditando na propaganda sobre a nova colônia. Chegou ao Porto de Itajaí no dia 10 de agosto de 1856.

Ao chegar ao Brasil, Otto Stutzer estava com 20 anos de idade e Hermann Blumenau, 36.

No momento em que Stutzer desembarcou no porto de Itajaí, foi aconselhado a ficar naquela região para aprender o idioma português. Essa prática era muito comum, não somente naquele porto, mas também no de São Francisco.

Os ocupantes dos portos, para aliciar os imigrantes que chegavam, falavam negativamente do local onde estes pretendiam se instalar. Ignorando essa realidade, Otto Stutzer ficou trabalhando nas terras de Manoel Mafra, em Itajaí, por algum tempo.

Quanto ao aprender a língua portuguesa para morar nas colônias alemãs, nesse tempo não havia necessidade, porque os imigrantes alemães viviam nas nucleações urbanas do Vale do Itajaí isolados e afastados da administração, do governo brasileiro e das cidades brasileiras – cuja colonização era feita por imigrantes portugueses e, em alguns casos, também pela etnia africana, representada pela presença de cativos desses imigrantes portugueses e de seus descendentes.

Nas povoações da grande Colônia Blumenau, entre si, falavam somente o idioma alemão. Em algumas localidades essa realidade perdurou até bem pouco tempo. Portanto, “seguraram” Otto Stutzer em Itajaí, antes de ele seguir viagem para a Colônia Blumenau.

Não temos a data exata em que Otto Stutzer seguiu, a partir de Itajaí, viagem para a sede da Colônia Blumenau, destino ao qual pretendia chegar quando saiu da Alemanha. Mas não ficou muito tempo em Itajaí, visto que se casou menos de 4 anos depois, em Blumenau.

Assim como o garoto Gustav Hackländer, quando chegou ao seu destino – Blumenau, Stutzer também foi trabalhar no transporte do correio, trajeto Colônia Blumenau−Itajaí−Colônia Blumenau. Fazia o trabalho de canoa, e o ir e vir Blumenau-Itajaí era uma viagem, geralmente, de dois dias. [Portanto, foi carteiro entre a Colônia Blumenau e Itajaí]

Na Colônia Blumenau encontrou sua esposa na família Bichels. Casou-se com Therese em 23 de agosto de 1860.

Nesse mesmo ano de casamento, com 24 anos de idade foi trabalhar na propriedade do fundador da Colônia e seu conterrâneo, Hermann Blumenau. Trabalhou no moinho e na serraria que beneficiava a madeira extraída dos arredores da centralidade da Colônia, local que seria causa de desentendimento com seu irmão pastor, em um futuro próximo.

Trabalhando na propriedade do fundador, Otto Stutzer ficou próximo da administração da colônia e também conquistou a confiança de Blumenau. Após 10 anos, em 1879, foi nomeado juiz de paz da Colônia Blumenau.

No ano seguinte, em 1871, acompanhou o Engenheiro Emil Odebrecht em uma expedição até Curitibanos. O projeto de construção de um caminho até Curitibanos teve início após a Guerra do Paraguai, no ano de 1867, com a abertura de uma picada ligando Blumenau ao Planalto Serrano. Para complreender melhor esta aproximação entre estas duas personagens da história local, a jovem esposa de Otto Stutzer, Therese, era irmã da esposa de Emil Odebrecht, Bertha Carolina – nascidas na família Bichels.

Blumenau a Curitibanos – na época, foi uma das principais estradas abertas, bem como o caminho para outros caminhos no interior do Estado de Santa Catarina.

Otto Stutzer voltou a trabalhar na abertura da estrada Blumenau-Curitibanos com o Engenheiro Emil Odebrecht, e permaneceu nessa frente de trabalho entre 1875 e 1881.

Otto Stutzer foi eleito vereador à Câmara Municipal, em julho de 1882. Permaneceu no cargo até o ano de 1890, quando assumiu o cargo de Procurador da Câmara Municipal. Nele permaneceu até o ano de 1894.

Nesse tempo, em 1883, Otto Stutzer participou de reuniões para implantar uma Liga Maçônica na Colônia Blumenau. Talvez isso explique a sua participação mais sólida e ativa na administração de Blumenau. Lembramos que Hermann Blumenau era maçom e a proximidade entre os dois, pode ter facilitado para que Stutzer se tornasse maçom, político e burocrata. Para o fundador, era interessante ter ao seu lado um aliado de confiança e também, maçom.

Encontramos publicação mencionando a existência de um convite formal para a fundação de uma Liga Maçônica no dia 24 de fevereiro de 1883 – Blumenau em Cadernos T1 – N°4 – Ano 1958, Nela, uma das assinaturas, de um total de três, é de Otto Stutzer.

Foi encontrado um recibo da maçonaria da Colônia Blumenau no meio dos papéis de Otto Stutzer, conforme publicado pela Revista Blumenau em Cadernos, referente a gastos de construções, com a data de 31 de dezembro de 1883. Este fato confirma a presença da loja maçônica, mesmo não formalizada devidamente, e do grupo de pessoas que a frequentavam. Entre elas, Otto Stutzer.

Em 1895, Otto Stutzer foi eleito Superintendente de Blumenau – o que seria a pessoa que ocupa o cargo atual de prefeito. Também foram eleitos Conselheiros Municipais (cargo equivalente ao de vereador – executivo e legislativo). Na Alemanha atual, ainda existem os conselheiros. As eleições foram realizadas no mês de abril de 1895.

Otto Stutzer obteve 633 votos. Os conselheiros eleitos foram: Pedro Christiano Feddersen, com 499 votos; Luiz Abry, com 480; Frederico Wilde, com 464; Ricardo Voigt, com 383; Aléssio Freiner, com 381; Pedro Schmidt, com 345; Paulo Zimmermann, com 339; André Campregner, com 324; e Henrique Klug, com 316 votos. O presidente da Câmara foi o conselheiro mais bem votado, Pedro Christiano Feddersen, que, coincidentemente, também era maçom.

Otto Stutzer e os conselheiros eleitos tomaram posse em 16 de abril de 1895. Período conturbado, pós-Revolução Federalista ocorrida nos anos 1893/1894.

Quando Stutzer terminou seu mandato, em 1898, não conseguiu a reeleição, perdendo para o médico baiano José  Bonifácio da Cunha. Assumiu, então, o cargo de tesoureiro municipal, que ocupou durante treze anos, ininterruptamente, até se aposentar, em 1916. Faleceu em 28 de fevereiro de 1927, com a idade de 91 anos.

Família Stutzer

Ribeirão Stutzer

Otto Stutzer emprestou seu nome a um pequeno ribeirão localizado no bairro Salto Weissbach. Sua foz está localizada no grande rio Itajaí-Açu, nas proximidades da Rua José Deeke.

Descobrimos a existência de um pontilhão pertencente ao patrimônio histórico arquitetônico ferroviário regional da antiga Estrada de Ferro Santa Catarina, construído na sua foz, no momento em que seria retirado por uma equipe de obras da administração pública de Blumenau, gestão Mário Hildebrandt, em 2017.

Referido pontilhão está presente no local desde a inauguração do primeiro trecho ferroviário da EFSC, em 1909, e seu material predominante foi trazido da Alemanha. O pontilhão de ferro conta, portanto, com mais de 100 anos de idade. Sugerimos – e nossa sugestão foi acatada, que o centenário pontilhão fosse aproveitado no trajeto de lazer, ciclovia e para uso de pedestres.

Irmão de Otto Stutzer – Pastor Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer

Otto Stutzer teve dois irmãos, mais jovens que ele: Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer (1839–1921) e Albert Stutzer (1849–1921).

Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer também era pastor, como o pai, e também migrou para o Brasil. Mas não teve o mesmo êxito e felicidade de seu irmão mais velho, Otto. Por isso, talvez seja um dos personagens da História da Colônia Blumenau pouco lembrado, e tem seu nome destacado na cidade alemã Neruerkerode, até os dias atuais.

O pastor luterano Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer ou pastor Gustav Stutzer, foi casado com a escritora Therese Stutzer.
Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer

A história do pastor Gustav Stutzer se perpetua, até os dias atuais, graças ao seu trabalho iniciado no século XIX, na Alemanha, o qual, entretanto, não teve boa passagem e bons momentos durante seu curto tempo de residente na Colônia Blumenau.

Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer nasceu no dia 30 de janeiro de 1839, na Vila de Seesen, Condado de Braunschweig, e quando imigrou para a região da Colônia Blumenau já era pastor luterano e, e migrou no final do Século XIX. Sua esposa, Therese Catharine Marie Schott, era natural da cidade alemã de Ilsenburg.

Em 1885, aos 46 anos, o pastor Gustav Stutzer resolveu migrar para a Colônia Blumenau juntamente com sua família – esposa e 6 filhos. Seu irmão Otto Stutzer residia em Blumenau havia quase 30 anos.

O pastor Stutzer e sua família adquiriram as terras de Hermann Blumenau, localizadas junto ao Ribeirão da Velha, onde estava instalada a sua serraria e local de um dos primeiros trabalhos de Otto Stutzer, no período inicial da Colônia.

O negócio entre o fundador da Colônia Blumenau e o pastor Gustav Stutzer é citado em publicações da Colônia e da Revista Blumenau em Cadernos, bem como no livro 90 Anos ACIB.

O fato curioso é que, nessa época, Hermann Blumenau já havia retornado à Alemanha.

O que e como, realmente, aconteceu essa transação comercial com o possível vendedor, estando este residindo na Alemanha?

Vamos completar esta lacuna?

É sabido que o pastor Gustav Stutzer e família, assim como as demais famílias que residiam na Colônia Blumenau, em um primeiro momento, uma colônia privada agrícola, produziam em suas propriedades autossuficientes, que eram quase uma pequena fabriqueta alimentícia. A produção familiar incluía leite e seus derivados, grãos, farinhas, legumes, verduras, frutas; e derivados dessa produção em produtos beneficiados nas próprias propriedades, como compotas, geleias, doces, e também embutidos. Isto durou 2 anos, quando, em 1887, o pastor Stutzer desfez o negócio e mudou-se da Colônia Blumenau após desentendimentos com Hermann Blumenau. A família residiu em Ribeirão Pires – no Estado de São Paulo, antes de voltar para a Alemanha.

Conta-se que o pastor Gustav Stutzer, sua esposa Therese e os filhos Karoline Stutzer (1865– ..), Kaethe Stutzer (1867–1962), Gertrud Stutzer (1869–1932), Therese Stutzer (1871–1918), Ilse Stutzer (1872–..) e Eva Charlotte Stutzer (1883–1979) permaneceram na região por somente dois anos, por não terem conseguido pagar o valor ajustado com Hermann Blumenau durante a transação do negócio. A propriedade, então, retornou para Hermann Blumenau, após longo processo judicial.

Há lacunas não esclarecidas nesta história.

Na Alemanha (e no Brasil, também), os Stutzer escreveram alguns livros sobre sua vida na Colônia Blumenau – práticas, hábitos e costumes.

Therese Stutzer, esposa do pastor, escreveu alguns livros. Um deles foi organizado para publicação pela Fundação de Blumenau, intitulado Memória Literária do Vale do Itajaí – Marie Luize de Therese Stutzer, trabalho de Valburga Huber, ano 2010.

Na história formal local, Therese Stutzer sempre teve espaço, principalmente no que tange à elegância e moda feminina do final do século XIX na Colônia Blumenau, sem, no entanto, haver citação de que se tratava da esposa do pastor Gustav Stutzer e cunhada de Otto Stutzer. Nós registramos aqui, para a História.

Therese Stutzer, na época em que viveu no Brasil escreveu diversas cartas em língua alemã, relatando as experiências e os sentimentos dos imigrantes. No trecho da carta para a irmã, Josephine, em 1886, ela relata:

Nós mulheres estamos completamente ocupadas com as atividades domésticas e a costura. Durante a manhã, Emilie leciona para as crianças em idade escolar e, há algum tempo, três outras moças participam destas aulas. Assim, temos aqui uma pequena e divertida escolinha. Minhas filhas mais velhas estão aprendendo a cozinhar e, como lavamos a roupa semanalmente, e não é pouca que usamos, todas as manhãs estão ocupadas. No entanto, ainda encontro tempo para costurar. Aqui é muito natural a família ter 10-12 filhos, ou até mais. As crianças não precisam de sapatos, nem de meias, basta uma blusinha e uma saia. Lá vem minha pequenina e vejo que ela está descalça. Seu maior prazer é tirar as meias e os sapatos para andar livremente. Todas as suas amiguinhas o fazem e Eva as imita. Mas, minha filha, tu és uma menina alemã! Ela sacode a cabeça e lá se vai, e nós então precisamos alcançá-la.Therese Stutzer

Fonte: Fundação Cultural de Blumenau / Arquivo Histórico José Ferreira da Silva. Stutzer, Therese (1841/1916) Marie Luise / Therese Stutzer; organização, tradução e introdução: Valburga Huber. – Blumenau: Cultura em Movimento, 2002. 112p. II

O pastor Stutzer emprestou seu nome alemão a uma das ruas centrais da cidade de Blumenau – e assim se manteve. Ao contrário do que ocorreu com outras tantas ruas, que tiveram seus nomes alemães trocados por correspondentes nomes brasileiros, durante o período do Nacionalismo impetrado pelos governos de Getúlio Vargas e Nereu Ramos, brasileiro e catarinense, respectivamente.

Diante dessa homenagem, sabendo-se que residiu na Colônia Blumenau por somente dois anos – e de acordo com algumas narrativas históricas locais – tendo levado a fama de caloteiro e de “alguém que deu dor de cabeça ao fundador da Colônia”, o pastor Stutzer deve ter sido uma personalidade marcante – ao lado de sua Therese – na sociedade blumenauense do final do século XIX.

O pastor Gustav Stutzer faleceu na Alemanha, aos 83 anos, no dia 21 de março de 1921, na cidade histórica e universitária de Heidelberg. Deixou sua contribuição para a História, por meio de seus livros e também de uma relevante contribuição social.

O trabalho do pastor Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer, ou pastor Gustav Stutzer, ainda pode ser visto e lembrado, nos dias atuais, no Evangelische Stiftung Neuerkerode, na cidade de Neuerkerode, onde é apontado como idealizador do local em que são recebidas, cuidadas e acolhidas pessoas especiais – na cidade de Neuerkerode.

Registro para a História.