Saúde à Mesa

Formada em Nutrição pela Furb, Vanessa de Souza atende em Blumenau e publica semanalmente sobre saúde e boa alimentação.

Ser vegano é ser extremista?

Ainda bem que a cada ano que passa criamos mais conscientização sobre causas ambientais e animais, afinal já passou da hora. Mas ainda é muito comum encontrarmos pessoas que acham que ser vegano é algo muito extremo, e está tudo bem se você pensa assim e não conhece a fundo a causa. Confesso que quando mais nova eu achava que ser vegano era coisa de Hippie e algo muito distante da minha realidade. Hoje em dia é a minha realidade, mas sem ser hippie.

Já é muito comprovado pela ciência atual (tudo bem você não querer aceitar, mas não dá pra negar fatos científicos) que o nosso planeta está passando por diversas mudanças climáticas. Podemos ver isso todos os dias quando ligamos o jornal e vemos alguma notícia diferente sobre algum canto do mundo vivenciando eventos climáticos nunca antes vistos naquele local. Eventos esses causados pelo nosso modo de vida aqui na Terra. Nós estamos esgotando recursos naturais como se fosse nada.

E um dos principais fatores que contribuem para essas mudanças climáticas é a criação extensiva de animais para abate. Não que você ache essa informação tão facilmente quanto deveria, afinal há muito dinheiro envolvido na indústria da carne. Mas como pode ser que criar gado seja ruim pro meio ambiente? Bom, para a quantidade exorbitante de animais que são mortos todos os dias para virar um pedaço caro de comida no seu prato, são necessárias quantidades igualmente exorbitantes de terra (levando ao desmatamento de florestas nativas), de água, de alimento (afinal os animais precisam comer). Sem contar na poluição do ar, do solo, da água que essa criação provoca no nosso planeta. E aqui não falo apenas de carne vermelha não, mas de todos os animais que comemos no dia a dia.

Além de que o uso de terra para a criação desses animais é um uso ineficiente. Vou te explicar. Os animais que a gente come, precisam comer também. Eles se alimentam principalmente de grãos (soja, milho, trigo…). Hoje no Brasil, cerca de 80% da soja plantada é destinada para ração, e não para a alimentação humana. O problema é que para cada 10 calorias (mais ou menos) que o animal ingere, ele nos devolve cerca de 1 caloria de alimento final, porque ele gasta essa caloria ao longo da vida para crescer. Estamos literalmente queimando alimento à toa.

Imagina usar todos esses grãos, plantados originalmente, para alimentar diretamente as pessoas. Invés de passar pelo animal, causar um estrago enorme no planeta e matar trilhões de animais todos os anos, a gente pegasse essa terra toda para plantar alimento para os humanos? Uso muito mais eficiente de espaço e recursos naturais. Ia sobrar terra pra ninguém nunca mais brigar por isso.

Agora me diz, depois de ler tudo isso, você ainda acha que abdicar de uma vontade própria, pelo bem de outros seres vivos (que você nunca vai chegar a ver na vida) e do planeta (esse que você usa também, de nada) é ser muito extremista? Se você achar que sim, tudo bem. Você pode começar aos poucos. Que tal só diminuir a quantidade de carne que come, sem cortar de vez? Que tal fazer um dia vegetariano na semana? Que tal estudar mais sobre o assunto, invés de fechar os olhos pra uma realidade que você sabe que existe? O nosso planeta pede por socorro e não há mais tempo pra enrolação.

Vanessa Souza
Nutricionista
CRN10 7320


Receba notícias direto no celular entrando nos grupos de O Município Blumenau. Clique na opção preferida:

WhatsApp | Telegram


• Aproveite e inscreva-se no canal do YouTube

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo