Realmente as coisas na política mudam rápido demais. Durante todo o ano de 2020 o governador Carlos Moisés (PSL) era visto na Assembleia Legislativa de Santa Catarina como o pior governador da história desse estado, tendo inclusive que se defender em dois processos de impeachment.

Ele foi afastado do cargo por 30 dias e poderia até ter tido que responder a um terceiro processo de impedimento, do deputado estadual Ivan Naatz (PL), se nos dois anteriores o Tribunal de Justiça do Estado não tivesse decidido que a equiparação salarial dos procuradores foi um ato legal e a Polícia Federal não tivesse entendido que o governador não participou da compra dos 200 respiradores, que acarretou num prejuízo ao estado de R$ 33 milhões.

Mesmo antes de ser afastado por 30 dias do comando do governo, Moisés virou o jogo com uma tacada de mestre, liberando o pagamento de todas as emendas parlamentares impositivas dos anos de 2019 e 2020 de todos os deputados estaduais, sem fazer distinção se o deputado era de situação ou oposição.

A partir daí o entendimento político dos processos de impeachment passou a ter um entendimento jurídico e o governador, hoje, tem praticamente toda a Assembleia Legislativa querendo fazer acordo com ele já com vistas às eleições de 2022.

Se Carlos Moisés fosse um filme e a Alesc um cinema, sem dúvida, nesse momento, estaria passando nos telões do plenário o filme “Meu malvado favorito”. Em apenas 32 dias o governador Carlos Moisés costurou um acordo com o presidente da Alesc, deputado Júlio Garcia (PSD), trouxe para o seu lado o MDB e o PL e agora tem a admiração de prefeitos, como Mário Hildebrandt (Podemos), que antes sequer era recebido pelo governador na Casa da Agronômica.

Temos que destacar a coerência de alguns parlamentares, como a deputada Paulinha (PDT) e o deputado José Milton Scheffer (PP), que sempre defenderam o governador nas horas mais difíceis do seu governo, e também o deputado Kennedy Nunes (PSD), que não mudou a sua postura crítica contra o governo Moisés e talvez seja hoje o único que se mantém numa oposição ferrenha contra o governador.

Na quinta-feira, 17, Carlos Moisés estará em Blumenau inaugurando o Centro de Inovações Tecnológicas, que fica junto ao campus 2 da Furb, e essa visita causou um alvoroço entre os políticos da região.

No caso do deputado estadual Ricardo Alba (PSL) não há muita contestação, até por ter uma proximidade maior com o governador por ser do mesmo partido e por ter sido acusado de, em alguns momentos, defender o governo numa época em que todos estavam contra.

Mas agora os deputados Ismael dos Santos (PSD), Ivan Naatz (PL) e Laércio Schuster (PSB) também se juntam a ala de apoiadores do governo do Estado e se mostram com boa abertura no Centro Administrativo, o que pode ser benéfico para a região se os quatro parlamentares não brigarem para ver quem tem mais proximidade com o novo governo de coalizão que administra hoje o estado de Santa Catarina.

Obviamente que essa aproximação com o governo de Moisés tem muito a ver com as eleições de 2022, mas é preciso que os deputados estaduais entendam que, primeiro, é mais significativo buscar as verbas para as obras urgentes do Vale do Itajaí do que querer aparecer na foto ao lado do governador na inauguração desta quinta-feira.

Como disse no início, na política as coisas mudam muito rápido e não se pode cravar que tudo ficará como está hoje se o governador mudar de idéia e no meio desse caminho decidir ir para uma reeleição lá em 2022, fazendo com que muita gente que o apóia hoje volte a achar que ele será novamente o pior governador da história de Santa Catarina.


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