Um ano sem Bianca Wachholz: 5 mudanças em Blumenau após a morte da designer

Desde o crime, algumas atividades vêm sendo desenvolvidas por amigos e familiares da vítima

Há um ano, exatamente no dia 25 de julho de 2018, a blumenauense Bianca Wachholz, de 29 anos, foi morta com um tiro no rosto pelo ex-namorado, Everton Balbinott, 32 anos. Desde então, o crime, que é tratado como feminicídio (o julgamento ainda não foi realizado), despertou diversas mobilizações entre amigos e familiares.

“A minha filha não vai voltar mais, mas estaremos felizes se conseguirmos libertar ao menos uma mulher das mãos de um assassino. Temos que dar um freio nisso. Eu posso estar enganada, mas acho que morte da minha filha vai servir de ajuda para muita gente”, diz, emocionada, a mãe de Bianca, Sônia Wachholz.

As mobilizações tornaram-se iniciativas concretas com o passar deste ano. Leis aprovadas, edificações públicas que remetem à memória da designer e, principalmente, ações de conscientização sobre os crimes de violência contra a mulher tomaram mais corpo e se tornaram marcos desta luta, fortalecida principalmente após o choque proporcionado por este caso.

Confira cinco ações que ocorreram na cidade devido ao caso da designer:

Praça Bia Wachholz

Um projeto da Câmara de Vereadores virou lei ainda em 2018. A praça do bairro Itoupava Central, próxima à casa onde Bianca cresceu com os pais, passou a se chamar Bia Wachholz.

A ideia do autor do projeto, vereador Bruno Cunha (PSB), é que ali sejam promovidos eventos e atividades alusivas ao combate à violência contra a mulher. A praça fica na rua rua Christian Wilhelm Staack, esquina com a rua Guilherme Scharf.

O Município Blumenau

Dia de luta contra o feminicídio

Este é o primeiro ano em que há o Dia de Luta Contra o Feminicídio em Blumenau. A data (25 de julho) também foi inserida no Calendário de Eventos do município após aprovação do projeto de lei de Bruno Cunha.

O objetivo é estimular a discussão sobre o tema. Para isso, nesta quinta-feira, 25, às 10h, haverá a inauguração da praça Bia Wachholz, com uma roda de conversa sobre relacionamentos abusivos. A família organiza também uma celebração.

Instituto Bia Wachholz

A palestra que ocorre nesta quinta-feira será ministrada por Maria Tereza Peters, advogada que era amiga de Bianca. Ela é uma das integrantes do Instituto Bia Wachholz, criado em homenagem à designer com o objetivo de ajudar mulheres vítimas de violência.

O grupo formado por cerca de cinco amigas de Bianca promove oficinas para ensinar ofícios e tentar desvincular as vítimas dos agressores. Como muitas vezes há uma forte dependência econômica da mulher com o companheiro, a missão é criar caminhos para que elas consigam se sustentar sozinhas.

“Nós divulgamos na nossa página do Instagram serviços e produtos que essas pessoas desenvolvem, mas elas também são ensinadas a vender o que fazem”, explica Maria.

As oficinas são feitas quinzenalmente em um Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), com parceria de empresas que doam a matéria-prima, como panos e fios. Ali, mulheres que vivem no Abrigo Elisa aprendem diversos tipos de artesanatos. Participam também pessoas que estão sendo acompanhadas pela equipe do Creas devido à medida protetiva que solicitaram contra os ex-companheiros.

Duas dessas mulheres terão nos próximos seis meses acompanhamento psicológico também em um consultório particular, com uma profissional que se dispôs a atendê-las gratuitamente após um pedido do Instituto.

Palestras em empresas

Outra atividade do Instituto são as palestras feitas em empresas. Até o momento seis organizações de Blumenau e região receberam a advogada Maria Tereza, que normalmente fala de relacionamentos abusivos. Temas mais corporativos, como assédio no trabalho, também podem ser abordados.

O Instituto cobra R$ 100 por conversa. O valor, além de cobrir as despesas da palestrante, é destinado ao caixa do Instituto, que não raramente é zerado para auxiliar emergencialmente alguma mulher.

“Não é esse o nosso foco, até porque não somos um órgão governamental, mas às vezes acontece”, revela Maria.

Nesta quarta-feira, 24, o grupo conseguiu formalizar a criação do Instituto. Agora, com CNPJ, as mulheres pretendem organizar atividades que até então não eram possíveis sem o registro oficial, como pedágios e recebimento de doações.

Pintura em parede de delegacia

Uma das paredes da delegacia da Mulher, da Criança e do Adolescente, no bairro Velha, possui a imagem de Bianca. O mutirão de pintura ocorreu no ano passado. Quatro artistas desenharam o rosto e doaram as tintas.

Instituto Bia Wachholz

O crime

Sônia estava na casa onde vive com marido, no bairro Itoupava Central, quando Balbinott invadiu a residência no dia 25 de julho de 2018 e correu até Bianca. A vítima tentou fugir, mas caiu no momento em se trancaria no banheiro, sendo atingida pelo disparo.

Balbinott espera o julgamento no Presídio Regional. Ele é acusado de homicídio qualificado por feminicídio, motivo fútil, sem condição de defesa e porte irregular de arma. Neste mês a defesa pediu uma avaliação de higidez mental do acusado, o que foi negado pela Justiça.

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