Pouco depois das 5 da manhã do dia 23 de fevereiro de 2019, Silvio Bambinetti dirigia seu carro na BR 470, entre Ascurra e Indaial, e avistou o Jaguar Space, placa QJN 2708, dirigindo em zigue-zague. Ele ligou para a Polícia Rodoviária Federal.
“To vindo agora de Ascurra para Indaial e tem uma Space branca Jaguar e o cara tá completamente bêbado, quase matou um motoqueiro lá atrás, ele tá impossibilitado de dirigir, ele vai fazer uma m… já já. …Ele vai matar alguém”.
Mesmo tendo filmado toda a ação, Silvio jamais imaginou que o seu pedido não seria atendido e que às 6h15, dez quilômetros após o posto da PRF, Evanio Wylyan Prestini, motorista do Jaguar, se chocaria de frente com um Fiat Pálio. Isso causaria a morte de Amanda Grabner Zimmermann, de 18 anos, e Suelen Hedler da Silveira, de 21 anos.
Após 728 dias do acidente, o acusado sequer teve seu julgamento marcado e se utiliza de todos os recursos legais possíveis para evitar que isso ocorra. Neste momento há três recursos, um na justiça estadual e outros dois na esfera federal, esperando para serem analisados e até que isso não ocorra, juiz nenhum no Brasil poderá marcar seu julgamento.
Evanio Prestini chegou a ser preso e passou 154 dias no Presídio Regional de Blumenau, mas conseguiu um habeas corpus junto ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e desde o dia 26 de julho de 2019 responde o processo em liberdade.
Na manhã de sábado, 20, as famílias de Amanda e Suelen estiveram na frente do Fórum de Blumenau para manifestar o sentimento de revolta por ainda sequer saberem quando tudo isso vai terminar.
Uma faixa com a foto das meninas e com os dizeres “Lutaremos por justiça até o fim” foi colocada numa das cercas e na próxima terça-feira, 23, eles vão voltar para lembrar à justiça que vai se completar dois anos do trágico acidente que levou duas jovens e aprisionou duas famílias na lembrança, na saudade e na revolta por causa da demora na marcação de um júri popular que já deveria ter acontecido.
Eu não condeno e nem absolvo, pois isso é dever da justiça, mas já passou da hora dos 513 deputados federais e dos 89 senadores de mexerem nessa legislação que defende o acusado e penaliza a vítima. E isso não ocorre somente em casos de acidente de trânsito, mas em qualquer tipo de crime.
Uma lei que dá regalias para presos condenados e não dá nenhuma segurança para, por exemplo, mulheres que são agredidas pelos seus companheiros. Não podemos esquecer também daquelas leis que prende imediatamente o empresário corruptor e dá prisão domiciliar para o corrupto que arquitetou todo o desvio de dinheiro público das diversas esferas de poder.
Falando especificamente do caso de Suelen e da Amanda, as famílias não pedem o julgamento de Evanio somente para que ele seja preso, mas principalmente para que elas se libertem desse carma e possam lembrar das meninas com um sentimento de saudades, mas também de justiça feita.
Elas não estavam doentes, elas eram muito novas e apenas estavam voltando de uma festa como muitos outros jovens, mas por uma seqüência de fatos que poderiam ter sido evitados, morreram e deixaram a dor, a saudade e o sentimento de perda que os pais levarão até o fim da vida.
Se houver compaixão e consciência dos políticos, isso tudo pode, pelo menos, ser amenizado.
Veja abaixo o vídeo de Elisabete Grabner, tia de Amanda, no encontro de sábado de manhã na frente do Fórum de Blumenau.
Publicado por Elizabete Grabner em Sábado, 20 de fevereiro de 2021