Capa: Hermann Ernst Ludwig Wendeburg e a sua residência – atual edificação mais antiga na paisagem do Vale do Itajaí, construída em 1858. Está localizada no Boulevard Wendeburg – conhecida Rua das Palmeiras, no Centro Histórico de Blumenau – parte do Museu da Família Colonial.
Ao pesquisarmos na Biblioteca da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Setor de Documentos Raros, entre os documentos históricos da Colônia Blumenau encontramos muitos ofícios e documentos assinados pelo diretor interino da Colônia Blumenau – Hermann Wendeburg.
Observando-se o conteúdo deles, é fácil perceber a dedicação e o montante de problemas desse homem público, entre outras atividades, e de como se ateve a detalhes durante seu trabalho, que se iniciou no momento de sua chegada à Colônia, como o assessor do fundador dessa – Hermann Blumenau.
Seu cargo era de guarda-livros, quando a colônia privada passou a ser colônia imperial. Mais tarde, acumulando o cargo de diretor interino da Colônia Blumenau, em suas primeiras décadas de história.
Trabalhou com os problemas de uma colônia “alemã” que estava sendo instalada do zero, durante a ausência, por durante de 4 anos, de seu fundador, Hermann Bruno Otto Blumenau.
De acordo com José Ferreira da Silva, na página 85 de sua publicação – História de Blumenau, Hermann Blumenau embarcou para a Europa – sem previsão de retorno – como representante do governo brasileiro, para contornar as denúncias de maus-tratos ao imigrante “alemão”, principalmente nas fazendas de café, onde este vinha ocupando paulatinamente o lugar da mão de obra escrava.
E também para apresentar, através de propaganda de convencimento, as “vantagens” para que os “alemães” migrassem para o Brasil e para a Colônia Blumenau.
Antes de embarcar, após sanadas algumas providencias e ter deixado Hermann Ernst Ludwig Wendeburg na direção da Colônia Blumenau, seu fundador partiu para Europa em 18 de março de 1865, onde permaneceu por 4 anos, tentando cumprir sua tarefa – tal qual fez Georg Anton Von Schäffer, a mando de José Bonifácio, na década de 1820.
Hermann Wendeburg administrou a Colônia Blumenau durante sua ausência. Observando a história conhecida e as correspondências que encontramos no Setor de Documentos Raros da Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina, Wendeburg cumpriu muito bem sua missão, sendo até mesmo responsável pela organização do pelotão que ficou conhecido como “Voluntários da Pátria”, que esteve na Guerra do Paraguai.
Quem foi Hermann Ernst Ludwig Wendeburg que administrou a Colônia Blumenau entre 1865 até 1869?
Hermann Ernst Ludwig Wendeburg
Como acontecia nos primeiros anos da Colônia Blumenau, Hermann Wendeburg, como o chamaremos doravante, foi um imigrante “alemão” que migrou para o Brasil em 15 de julho de 1853, com 27 anos de idade. Seguindo a tradição, na intimidade, entre amigos e familiares, era chamado pelo segundo nome, então era conhecido como Ernst.
Hermann Wendeburg nasceu em 2 de fevereiro de 1826 na cidade Groß Förste, Landkreis Hildesheim, Niedersachsen, no território que viria a pertencer à Alemanha, em 1871.
Wendeburg chegou a Blumenau no ano de 1853 e de imediato ocupou o cargo de Secretario-tesoureiro de Hermann Blumenau. A partir de 1860, passou também a exercer a função de “Guarda-livros” – no qual permaneceu até falecer, no dia 13 de janeiro de 1881.
Nesse ano, 1860, o governo brasileiro encampou o empreendimento de Hermann Blumenau, sua colônia privada, que passou a ser uma colônia imperial. O fundador passou a ser funcionário público – no cargo de Diretor da Colônia. Foi mantido na sua direção até a elevação da colônia à categoria de município, em 1880.
Como diretor, em 1865, mais uma vez Hermann Blumenau viajou como agente público, só que agora, do Brasil para a Europa, representando o governo do Brasil. Na década de 1840, chegou ao Brasil, como agente que representava o governo “alemão”, para averiguar a situação dos imigrantes “alemães” nas fazendas de café do Sudeste do Brasil. Retornou à Europa, para fazer o contrário daquilo que viera fazer, quando chegou ao Brasil.
Antes desta data de 1865, em 8 de novembro de 1857, Wendeburg se casou com a filha de Carl August Herbst e de Auguste Amalie Luise Rössel, Hulda Jeny Gertrud Herbst, nascida em 15 de junho de 1835 em Goldberg, Goldberg-Haynau, Liegnitz, Schlesien, Prussia, no território que pertenceria a Alemanha em 1871.
Quem oficiou o casamento de Hermann Wendeburg e Hulda Jeny Gertrud Herbst foi o Pastor Oswald Hesse. O casal já tinha o primeiro filho Paul Eberhard Hermann, nascido em fevereiro desse mesmo ano.
Em 1858, a família Wendeburg construiu sua casa na Palmenalee – rua das Palmeiras, podendo ser vista e visitada até o momento presente.
O casal Wendeburg teve 5 filhos:
- Paul Eberhard Hermann Wendeburg (17.02.1857);
- Clara Auguste Wilhelmine Wendeburg (03.04.1860);
- Edith Julie Emmy Wendeburg (02.08.1863);
- Anna Eugenie Alma Wendeburg (15.03.1867); e
- Hermann Oswald Wilhelm Wendeburg (31.07.1870).
Clara Auguste Wilhelmine Wendeburg, sua segunda filha, se casou com Joaquim José de Souza Corcoroca, que morreu afogado em uma estrada alagada de Itajaí, em agosto de 1877. O genro de Wendeburg trabalhava na Agência de Terras e Colonização e fazia parte da Comissão de engenheiros da região.
A casa de Hermann Wendeburg está na paisagem do Centro Histórico de Blumenau, antiga centralidade da Colônia Blumenau, até os dias atuais; e, por sua importância, sua fotografia ilustrou a capa de nosso livro sobre enxaimel Fachwerk – a Técnica Construtiva Enxaimel, publicado em 2019.
Em 1880, a casa foi comprada pelo advogado Paul Schwarzer, um ano anterior ao do falecimento de Wendeburg, e ano da grande enchente. Fica uma lacuna em branco sobre como aconteceu a venda e compra do imóvel e por quê?
Por que não há mais dados sobre a vida dessa personalidade tão importante da história de Blumenau, e cujo trabalho é tão documentado, por meio de seus próprios trabalhos, textos oficiais que foram guardados fora de Blumenau?
A casa que foi sua residência e de sua família, compondo a paisagem da Colônia Blumenau, foi herdada pela filha de Schwarzer e esposa de Otto Rohkohl, primeiro diretor da EFSC. Essa família cuidou da casa até sua última herdeira repassar o imóvel para a municipalidade. Nela residiram o viúvo Rohkohl e sua filha, Renate Luise (Rohkohl) Dietrich e o marido Werner Dietrich.
O casal Dietrich não teve filhos, e fez a doação do patrimônio histórico arquitetônico à cidade de Blumenau em 1964, com direito a usufruto, quatro anos antes do falecimento de seu pai, Otto Rohkohl.
Renate oficializou em cartório a doação de sua residência, construída em 1858 por Hermann Wendeburg, para a Fundação Cultural de Blumenau fazer uso após seu falecimento, que aconteceu em 1997, ocasião em que o patrimônio foi incorporado ao complexo do Museu da Família Colonial com todo o acervo familiar. Essa casa representa a história material dos primeiros anos de existência de Blumenau.
Em 18 de março de 1865, conforme mencionado, com a partida do fundador Hermann Blumenau para a Europa, Hermann Wendeburg ficou com a reponsabilidade de administrar a Colônia Blumenau, que contava 15 anos de existência e deixou de ser uma colônia privada e passou a ser um colônia imperial. Wendeburg contava com a idade de 39 anos.
Dirigiu a Colônia Blumenau por 4 anos, e talvez tenha sido um dos grandes responsáveis pelo êxito de seu desenvolvimento. Enquanto isso, Hermann Blumenau estava na Europa fazendo contatos, merchandising e lobby para atrair imigrantes à Colônia Blumenau. Em sua vida particular, se casou com Bertha Louise Repsold, nascida em 22 de outubro de 1833, em Hamburg.
Quando fazia mais de 2 anos que Hermann Blumenau estava na Europa, houve um reconhecimento do governo brasileiro ao trabalho de Hermann Wendeburg, a frente da administração da Colônia, que na região, na época, foi publicado pela Igreja Luterana Centro-Blumenau, como de fato aconteceu. Wendeburg recebeu do Imperador D. Pedro II, a comenda da Ordem da Rosa.
Uma curiosidade sobre esta comenda é de que foi criada em 17 de outubro de 1829 pelo imperador Pedro I para homenagear sua segunda esposa, Amélia de Leuchtenberg da Bavária. Dona Amália apreciava rosas e as cultivava.
Portanto, Hermann Wendeburg, também foi um Cavaleiro da Ordem da Rosa.
Por que aconteceu esse reconhecimento?
Foi resposta a uma iniciativa ousada de Hermann Wendeburg. De acordo com a publicação “ACIB – 100 anos Construindo Blumenau” (páginas 20 e 21), e também da publicação “História de Blumenau” de José Ferreira da Silva, o diretor interino da Colônia Blumenau, Hermann Wendeburg, em 1867 enviou para a Feira Internacional de Paris, relatórios, quadros estatísticos, mapas, curiosidades sobre a fauna e a flora e amostras de produtos agrícolas e manufaturados na Colônia Blumenau.
O Conjunto de Blumenau agradou tanto o corpo de jurados da feira francesa que concedeu ao mesmo, um dos doze prêmios distribuídos durante o evento de 1867: a grande medalha de ouro e dez mil francos em dinheiro. Restou ao Imperador D. Pedro II, igualmente, reconhecer o trabalho de Hermann Ernst Ludwig Wendeburg, com a comenda, tornando-o um Cavalheiro.
O Dr. Blumenau acha-se atualmente, há mais de três anos, na Alemanha para cuidar dos interesses de uma livre imigração alemã para o Brasil. Lá ele veio saber da gloriosa distinção, de que na Exposição Internacional de Paris em 1867, seu sistema de colonização, sua Colónia, recebeu a medalha de ouro; sempre mais e cada vez mais geral lhe está sendo proporcionado o reconhecimento, a tanto tempo retido, pelos esforços honestos e inteligentes que tem empregado.
Grande mérito lhe cabe também pelo fato de ter sabido escolher, principalmente no interesse da colónia, e tornar seus colaboradores, os seus funcionários, de forma que em consequência disso nosso atual Diretor, Hermann Wendeburg, que com orgulho se diz discípulo do Dr. Blumenau, dirige os negócios da colónia tão bem, que quase não se nota a ausência do Dr. Blumenau, tendo recebido por parte do Governo Imperial honroso reconhecimento (ele é Cavaleiro da Ordem de Rosas) e repetidos elogios e por parte dos colonos, provas de afetuosa gratidão e incondicional confiança. Nascido em Foerste, perto de Hildesheim, em 2 de fevereiro de 1826, chegou a Blumenau em 15 de julho de 1853, tendo dedicado durante 14 anos, sem esmorecimento, seus esforços à colónia, como Secretário, Guarda Livros e como Diretor. Página 37 – Pastor Max-Heinrich Fios, 1961
Durante seu governo, entre outras obras e feitos, foi aberto o primeiro caminho por terra, entre Blumenau e Itajaí.
Tratava-se de uma picada na margem direita do rio, com pontilhões grosseiros e, em alguns locais, impróprias para o tráfego de carroças. Mas foi o embrião da estrada que hoje liga os dois municípios, ainda seguindo praticamente o traçado original. SANTIAGO, 2001.
Quando Hermann Blumenau retornou à Colônia Blumenau, em 1869, Wendeburg continuou no cargo de “Guarda-Livros”, no qual permaneceu até falecer precocemente, em 13 de janeiro de 1881. Foi publicado um depoimento sobre estes dois “Hermanns” – Blumenau e Wendeburg, que de maneira sintética, ilustra a diferença entre estes dois personagens no âmbito da sociedade vigente na Colônia Blumenau.
“Por aquele tempo a Sra. do Dr. Blumenau já havia regressado à Alemanha. O fundador da Colônia era de temperamento áspero, severo e quase sempre estava de mau humor, gritando com todos. Os colonos, apesar de respeitá-lo e de estimá-lo mesmo, não queriam muito contato com ele, procurando sempre que possível entender-se a respeito do seu negócio com Hermann Wendeburg, que era o guarda-livros e pessoa muito boa e delicada. Certo dia vieram três colonos contando que tinham visto nas suas colônias alguns bugres e que ele mandasse o Sr. Deeke, chefe da guarda de batedores de mato, para persegui-los. Eu estava presente nessa ocasião e lembro-me bem quando Dr. Blumenau, com aspereza na voz, disse aos colonos: “Besser aufpassen, besser aufpassen, aber nicht schiessen”. (“Prestar maior atenção, mas não atirar”). E sem mais conversa, virou-lhes as costas e foi para dentro. Interveio, então, o Sr Wendeburg e, animando os colonos, disse-lhes que poderiam ir para casa; ele conversaria com o Sr. Deeke para dar uma batida nos arredores no lugar do aparecimento dos bugres. Tive mais de um encontro com Dr. Blumenau e nunca o vi sorridente; sempre de feições carregadas me perguntava: “Então, rapaz, que é que queres de novo?” Dado recado, respondia-me no mesmo tom seco: “Es ist schon gut” (“Já está bom”), sem mais conversa. ” Augusto Sievert – do livro: Colônia Blumenau no Sul do Brasil.
” Homem inteligente e de relativa cultura, foi escravo do trabalho e do dever. Honesto, Digno e operoso, foi colaborador dos mais eficientes do Dr. Blumenau, que o teve sempre na mais alta conta, votando-lhe grande estima e respeito. Diferente no temperamento, Hermann Wendeburg era mais acessível e amável do que o Dr. Blumenau, cujo caráter austero e franco, muitas vezes, o fizera entrar em choque com os colonos. Wendeburg, tendo as qualidades que distinguiam Blumenau, não possuía certas asperezas da formação deste último. Os colonos, por isso mesmo, entendiam-se melhor com Wendeburg.” SILVA, 1988.
Notícia de sua morte
Hermann Ernst Ludwig Wendeburg faleceu repentinamente em 13 de janeiro de 1881, ao retornar de uma viagem a Gaspar, onde fora a trabalho.
Nesta publicação é evidenciada que a Rua das Palmeiras, recebeu o nome de Boulevard Wendeburg em homenagem a Hermann Wendeburg feita pelo próprio fundador Hermann Blumenau.
Hermann Wendeburg está sepultado no Cemitério Luterano Centro, Blumenau.
A Rua das Palmeiras, em homenagem a Wendeburg, passou a se chamar de Boulevard Wendeburg. Após a 2ª Guerra, quando já se chamava Alameda Dr. Blumenau, passou a se chamar Alameda Duque de Caxias.
Atualmente, o nome da “Rua das Palmeiras” poderia ser restaurado como Boulevard Wendeburg, sugestão de Hermann Blumenau. Justa homenagem, alinhada ao patrimônio arquitetônico de 1858, sua residência, ainda presente na paisagem do Centro Histórico de Blumenau.
Hermann Wendeburg e a Sociedade
Wendeburg foi atuante em sua vida social. Desde a sociedade fundada para efetuar melhorias da técnica agrícola e pastoril, até a sociedade de Tiro, Stammtisch, Igreja, entre outras.
Sociedade de Canto
Wendeburg participava da Sociedade de Canto da Colônia Blumenau, fundada em 3 de agosto de 1863. Seus colegas de canto foram: Karl Wilhelm Friedenreich (Presidente), Victor Gärtner (secretário), Pastor Oswald Hesse (dirigente musical), Franz Sallentien, Georg Repsold, F. Löscke, Gustav Spierling, H. Breithaupt, Emil Odebrecht, Oswald Zwicker, Viktor von Gilsa, E. Meyer, Dr. Knoblauch, O. Kluge, H. Willerding, C. Sasse e Julius Baumgarten. Em 10 de agosto de 1865, passou a se chamar Sociedade de Canto Germania.
Kulturverein
De todas as sociedades fundadas pelos primeiros imigrantes “alemães” no Vale do Itajaí, a Kulturverein se destacou, porque mantinha relações com todas as áreas importantes de uma colônia em formação, a partir das ações de suas principais lideranças. A primeira preocupação dos pioneiros foi a de promover uma produção com base na propriedade agrícola (ideário de Quasnay), que rendesse uma quantia significativa em pouco espaço de tempo para compensar o trabalho nas propriedades com a melhor tecnologia e meios disponíveis. Com este objetivo, se organizaram a partir do Kulturverein, que propiciava fomentar um amplo debate entre os colonos (neste momento eram todos os primeiros imigrantes), sobre questões que trariam melhorias na produção agrícola através de novas tecnologias e novos produtos, bem como, a troca de ideias e experiências de cada um.
Wendeburg foi um dos entusiastas e um dos fundadores da Kulturverein. Junto com ele, estiveram entre os idealizadores: Willhelm Friedenreich, Rohlacher, Faust, Sametzkl, Baucke, Schäffer, Külps, G. Schäffer, L. Sachtleben, Benz, Lobedan, Wehmuth, Ernest, Henr, Weise, Breithaup, Lösecke e Johann Jarschow. A iniciativa foi de Willhelm Friedenreich, que convidou os demais para o ato de criação da Sociedade em sua residência, no dia 19 de julho de 1863.
O Conselho da Igreja Evangélica
O conselho da Igreja do Espírito Santo – Luterana Centro é composto por:
- Pastor Hesse, como Presidente;
- Hermann Wendeburg, Diretor;
- Heinrich Kohler,;
- Reuss;
- Peter Lucas (cunhado de Pedro Wagner, que também fazia parte dessa comunidade)
Conselho Colonial
O Conselho Colonial, criado de conformidade com a Ordem da Colónia, instituído por aviso Ministerial de 9 de janeiro de 1867, compõe-se do Diretor Hermann Wendeburg, como Presidente, do Dr. Bernhard Knoblauch, como médico da Colónia, e dos membros: Gustav Spierling, Christoph Baucke, Wilhelm Schreiber, August Müller, Carl Külps, Reinhold Freygang.
O cargo de Fiscal é exercido pelo carpinteiro Theodor Schroeder, nascido em Berlim, em 21 de outubro de 1819, formado na Escola Técnica Real de Berlim, residente em Blumenau, desde 20 de dezembro de 1856.
Traduzido por Frederico Kilian, do texto publicado em ,,Der Urwaldsbote”, Almanaque para os alemães do Sul do Brasil, 1900.
Diário de August Müller – 29 e 30 de julho de 1877
Curiosidade – O Retrato de Hermann Wendeburg com paradeiro desconhecido
O renomado pintor “alemão” Hermann Wislicenus pintou um retrato de Hermann Wendeburg. O pintor tinha residência em Weimar e abriu seu estúdio de pintura. Em 1868, foi convidado para ser professor na Academia de Düsseldorf. Hermann Wislicenus ficou conhecido pelas pinturas murais que fez no Kaiserpfalz Goslar – Palácio Imperial de Goslar. Em 1877, Hermann Wislicenus integrou um concurso público para participar do restauro do Kaiserpfalz Goslar. Foi o vencedor, com a contribuição – na equipe – de seus alunos. Durante 20 anos, pintou uma série de 68 afrescos, apresentando a sequência do governo imperial – desde Charlemagne ao governo prussiano – Império Alemão. Durante o processo de unificação da Alemanha, o Palácio Imperial Kaiserpfalz Goslar, após um século de decadência, estava sendo restaurado – desde 1868. O pintor – a partir desse trabalho – tornou-se referência na arte da pintura romântica, principalmente, sob a ótica das referências medievais, cujas características contribuíam para a identidade do Reich – estado alemão criado em 1871.
Wislicenus pintou o retrato de Hermann Wenderburg para a então recém-inaugurada Câmara de Blumenau. A obra foi entregue em 1885. Não há vestígios dessa obra nos espaços públicos de Blumenau. Pelos registros da revista Blumenau em Cadernos, a obra de arte estava na sala do Prefeito de Blumenau. Era um patrimônio da cidade e uma peça histórica imensurável para Blumenau. A título de registro.
No gabinete do prefeito há um retrato seu, a óleo, encomendado pela Câmara e que foi feito na Alemanha, pelo conhecido pintor Hermann Wisliscenus, professor da academia de Pintura de Dusseldorf e que foi inaugurado na sala das sessões da Câmara a 2 de fevereiro de 1885. Vide várias fotos de Wendeburg e de membros da família no acervo fotográfico. Ver of. nº05 de 1881, pasta, arq. Fotografia no livro do Cinquentenário. Arquivo de Blumenau
Imagens de alguns, dentre os muitos documentos, encontrados na Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Setor de Documentos Raros.
Um Registro para a História.
Referências
- Brasiliana Fotográfica. Imagens de Blumenau: por Bernardo Scheidemantel e em um álbum do início do século XX. Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=16234.
- Brasiliana Fotográfica. Instituto Moreira Salles. Álbum de Blumenau – Rua com casas na margem. Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/brasiliana/handle/20.500.12156.1/2627.
- DEEKE, José. Traçado dos primeiros lotes Coloniais da Colônia Blumenau. 1864. In: FUNDAÇÃO CULTURAL DE BLUMENAU. Arquivo Histórico José Ferreira da Silva. Colônia Blumenau. Mapas.
- DEEKE, José. O município de Blumenau e a história de seu desenvolvimento. Blumenau : Nova Letra, 1995. 295 p. il.
- EFEMÉRIDES. 1850 – 2 de setembro. 1826 – Nasce em Foerste, em Hildesheim, o Sr. Hermann Wendeburg que emigrou em Blumenau em 15 de julho de 1853 e foi o vice-diretor e guarda-livros da Colônia, desde que aqui chegou até 1881, quando faleceu. Revista Blumenau em Cadernos. Fevereiro de 1859 – Tomo 2, N°2. Fundação Cultural de Blumenau, Blumenau, 1959.
- EFEMÉRIDES Blumenauense. Fevereiro – 1985. Revista Blumenau em Cadernos. Fevereiro de 1858 – Tomo 4, N°1. Fundação Cultural de Blumenau, Blumenau, 1958.
- FLOS, Max-Heinrich Fios. Unsere Väter – Nossos Pais. Ein Heimatbuch, in dem wir aus unserer hundertjährigen Geschichte hören.Bearbeitet von Pfarrer Max- Heinrich Flos. Herausgegeben von der Evangelischen Synode von Santa Catarina und Paraná zu ihrem 50-jährigen Bestehen 1911 – 1961, 1961.
- GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.): il., retrs.
- HISTORY. Você conhece a história da Ordem da Rosa? 29 de setembro de 2016 -11h26. Disponível em https://www.canalhistory.com.br/historia-geral/voce-conhece-historia-da-ordem-da-rosa. Acesso em 23 de janeiro de 2024 – 20h45.
- Paróquia da Comunidade Lutherana Blumenau – Centro. “Pioneiros da Colônia Blumenau – Famílias Evangélicas de Confissão Lutherana da Colônia Blumenau – Período: 1856 – 1940″. Arquivo Histórico José Ferreira da Silva. Blumenau 1856-1940
- SANTIAGO, Nelson Marcelo. Acib – 100 Anos Construindo Blumenau. Blumenau: Editora Expressão, 2001. 204 p.:il.
- SILVA, José Ferreira da. História de Blumenau. 2.ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 p.
- SILVA, José Ferreira da. O Doutor Blumenau. 2.ed. – Florianópolis – EDEME, 1995. – 104 p.
- VIDOR, Vilmar. Indústria e urbanização no nordeste de Santa Catarina. Blumenau: Ed. da FURB, 1995. – 248p. :il.
- WETTSTEIN, Phil. Brasilien und die Deutsch-brasilieniche Kolonie Blumenau. Leipzig, Verlag von Friedrich Engelmann, 1907.
- WIKIPEDIA. Exposition Universelle (1867). Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Exposition_Universelle_(1867). Acesso em: 24 de janeiro de 2024 – 9h.
- WITTMANN, Angelina. C.R.: Fachwerk – A técnica Construtiva Enxaimel. – 1.ed. – Blumenau, SC : AmoLer, 2019. – 405 p. : il.
Leituras Complementares – Clicar sobre os títulos:
- Cemitério – Local de Visitação e História
- Boulevard Wendeburg
- Fritz e Hermann
- Centro histórico de Blumenau – Stadtplatz – Ontem e Hoje
- Kulturverein – Die Colonie Blumenau
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- Correspondência de Hermann Wanderburg – Subdelegado de Polícia – 1868
- Correspondência Oficial – Trabalhos Executados no mês de junho de 1865 – Colônia Blumenau
- Correspondência Oficial – 1867 – Hermann Wenderburg
- Correspondência Oficial 1865 – Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai
- Correspondência Oficial – Hermann Wendeburg – Indicação de Nomes para compor a Junta Colonial – 1867
- Correspondência Oficial 1868 – Relacionada à chegada de 391 colonos – Navio Lord Brongham
- Correspondência Oficial – Trabalhos executados no mês de agosto de 1865 – Colônia Blumenau
- Voluntários da Pátria – Imigrantes alemães da Colônia Blumenau na Guerra do Paraguai
- August Müller e seu Diário – Colônia Blumenau – 2ª metade do Século XIX
- A obra perdida – Pintor alemão Hermann Wislicenus
- Qual a relação entre a Casa mais antiga do Vale do Itajaí e Johann Otto Rohkohl – Primeiro Diretor da ferrovia EFSC?
- O Livro On line: FACHWERK – A Técnica Construtiva Enxaimel – Publicado em 2019
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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