Raio-x dos homicídios: como estão as investigações de assassinatos em Blumenau neste ano
Arma de fogo é o objeto mais utilizado para cometer os crimes
Blumenau registrou 27 mortes violentas até o momento, segundo dados da Polícia Civil. De janeiro para cá, quatro mulheres e 23 homens foram vítimas de homicídios em diversos bairros da cidade. A maioria tinha entre 20 e 35 anos e algum tipo de ligação com drogas ou crime organizado.
Das quatro mortes de mulheres, duas foram causadas pelos companheiros das vítimas. De todos os assassinatos, quase 50% foram por arma de fogo. As armas brancas, normalmente facas, causaram oito homicídios, o equivalente a 30% dos casos.
“Nas primeiras semanas deste mês não houve nenhum homicídio porque fizemos várias operações e prendemos muitas pessoas com envolvimento com tráfico. Chama a atenção que cerca de 90% das vítimas têm ligação com o mundo do crime”, explica o delegado responsável pelo setor de homicídios na Divisão de Investigação Criminal (DIC), Douglas Teixeira Barroco.
De acordo com Barroco, nove episódios de homicídios ainda não foram desvendados pelas investigações. Há casos em que a equipe da DIC já identificou os autores, mas ainda precisa de novos elementos para poder concluir os inquéritos.
Confira como estão cada investigação:
Janeiro
Erica Pereira, 16 anos. A jovem foi morta pelo namorado com um tiro, dentro da casa dele, no bairro Itoupavazinha. Douglas Comunello de Siqueira foi preso em flagrante e está no Presídio Regional de Blumenau desde então.
Fevereiro
Alessandra Szczpank, 33 anos. Ela foi atropelada e morta pelo marido em frente à casa onde vivia, no bairro Nova Esperança. Augustinho Vasconcelos, 40 anos, ficou preso preventivamente de fevereiro a agosto, quando a Justiça o concedeu liberdade.
Ailson José da Silva, 20 anos. Raptado em Gaspar e torturado antes de ser morto, o jovem foi encontrado carbonizado em uma pedreira próxima ao rio Itajaí-Açu. Ele teria sido morto por mentir que integrava uma facção criminosa. Os autores do crime gravaram o homicídio. Durante a filmagem, chamavam Silva de “falso profeta”, termo utilizado para batizar a operação que prendeu os responsáveis, em março.
José Gilmar Alves, 43 anos. Alves morreu por enforcamento dentro de uma cela do presídio. A autoria não foi identificada, já que havia muitas pessoas dividindo o espaço com ele e ninguém quis apontar um suspeito.
Jonas Mota de Almeida, 32 anos. Na frente de diversas testemunhas, Almeida foi morto a tiros por Ademar Bublitz, de 38 anos, na rua Antônio Zendron, no bairro Valparaíso. A Polícia Civil acredita que a motivação tenha relação com o tráfico de drogas. Bublitz permanece preso.
Altair Tonini do Nascimento Jr., 20 anos. O jovem foi morto a tiros no bairro Velha Grande por envolvimento com facção criminosa. A polícia já tem um suspeito, mas trabalha para juntar novas provas.
Março
Edivânia Maria de Oliveira, 22 anos. Ela estava no horário do intervalo, dentro da empresa onde trabalhava, no bairro Itoupava Central, quando foi atingida por uma bala perdida. O tiro foi dado durante o assalto ao aeroporto Quero-Quero. Apenas duas pessoas da quadrilha foram presas e devem responder pelo disparo que matou Edivânia.
Alexandre de Quadros, 27 anos. Com nove passagens policiais, Quadros foi morto com dois tiros no bairro Velha Grande. No bolso da roupa dele havia vestígios de maconha. A equipe de Barroco investiga mais de um suspeito, mas o inquérito ainda não foi concluído.
Daniel Fernandes, 30 anos. Fernandes morreu após receber uma facada durante uma briga em uma festa no bairro Fortaleza. À época, um dos envolvidos na briga generalizada foi à delegacia para prestar queixa por lesão corporal e acabou sabendo da morte na Central de Polícia. O responsável pela morte ainda não foi identificado.
Atanuzio Pereira dos Santos, 27 anos. Durante uma briga com o irmão, no bairro Salto Weissbach, Santos recebeu uma facada, que causou a morte dele. Sem passagens policiais, o autor foi identificado e responde ao processo em liberdade, mas Santos entrou para as estatísticas de homicídios.
Ruan Carlos de Oliveira, 22 anos. Oliveira estava em um ponto de tráfico da rua Professor Mateus Braganolo, no bairro Água Branca, quando houve uma troca de tiros com integrantes de uma organização criminosa. A polícia segue investigando o caso.
Abril
Eder Schimitz, 34. O corpo foi encontrado na rua dos Amigos, no bairro Velha Grande. Schimitz teria sido morto durante uma briga. O autor foi identificado pela polícia.
Douglas Jandrey Fernandes, 21 anos. Com diversas passagens policiais, Fernandes foi morto a tiros em uma rua do Centro. O autor dos disparos ainda não foi descoberto.
Cayo Alexander Antunes, 25 anos. Antunes foi morto a tiros por envolvimento com facção criminosa. O corpo estava em um matagal da rua Santa Maria, no bairro Nova Rússia.
Roberio Cesar Siqueira, 44 anos, foi morto a tiros na porta da casa onde viva, no bairro Escola Agrícola. A autoria foi definida e a motivação seria envolvimento com facção criminosa.
Maio
Padrasto e enteado, Cleones de Jesus Santos, 41 anos, e José Janailson Silva de Lima, 31 anos, foram mortos a tiros dentro de casa. De acordo com a investigação, eles tinham envolvimento com drogas. O delegado já tem suspeitas sobre a autoria.
Silvio Stahelin, 48 anos. O corpo da vítima foi encontrado às margens do Ribeirão Garcia, no bairro Valparaíso, com sinais de esfaqueamento. Os autores do crime ainda não foram encontrados pela polícia.
Andrew da Silva Moraes, 19 anos. O corpo do jovem foi encontrado amarrado e carbonizado, sob cal e barro, em um terreno no bairro Velha Grande. Mais um homicídio com ligação a facção criminosa.
Junho
Mauro Vigarani, 52 anos, foi morto pelo irmão, Maurici Vigarani, dentro do imóvel que eles dividiam, no bairro Glória. As facadas foram desferidas durante um desentendimento entre os dois. O autor do crime está em tratamento psiquiátrico.
Rodrigo Lopes Gomes, 32 anos. Vítima de esfaqueamento, Gomes foi encontrado no estacionamento de um supermercado inconsciente. Chegou a ser encaminhado para o Hospital Santo Antônio, mas morreu na unidade de saúde. O autor do crime não foi identificado.
Maracelia de Oliveira Furlaneto, 40 anos. A mulher foi encontrada morta em um ponto de uso de drogas do bairro Velha Grande. O responsável pelas facadas não foi identificado até o momento.
Julho
Hans Walter Germer, 59 anos. Ele foi encontrado dentro do apartamento onde vivia, no Centro. No local havia 30 pés de maconha, um revólver calibre 38 e uma arma falsa. Segundo Teixeira, a motivação e suspeito ainda não foram definidos.
Sebastião Ribeiro dos Santos, 79 anos. O idoso, que cumpria prisão domiciliar por estuprar a própria neta, morreu carbonizado. Dois suspeitos teriam ateado fogo no homem em frente à casa dele, no bairro Fidélis. Os autores ainda não foram reconhecidos.
Márcio José dos Anjos, 40 anos. Durante uma desavença com o vizinho, Márcio recebeu ao menos quatro tiros e morreu na hora. O autor, Janailson Silva, foi preso em flagrante e permanece no presídio. A defesa dele pediu um exame de insanidade mental, mas a Justiça ainda não avaliou a questão.
Agosto
O mais recente dos casos de homicídios foi descoberto nesta terça-feira, 27, quando um morador do bairro Itoupava Central encontrou o corpo de Cezário Martins Moreira, de 47 anos, no Parque Santo Antônio. Moreira, que tinha diversas passagens policiais, estava carbonizado e com as mãos amarradas. Os autores do crime ainda não foram identificados, mas a polícia suspeita que um acerto de contas tenha sido a motivação do crime.
Também nesta terça-feira morreu o homem de 33 anos que foi esfaqueado no começo deste mês. Júlio César Amaral estava internado no Hospital Santa Isabel desde o dia 5, quando foi conduzido em estado grave após sofrer diversos golpes na barriga. A polícia investiga o ocorrido. A faca utilizada foi deixada no local do crime, no bairro Salto do Norte, mas o autor da agressão conseguiu fugir.