Caso Jaguar: perícia no local do acidente é marcada após quase quatro anos

Sobreviventes ainda aguardam por indenizações

Quase quatro anos após o acidente do Caso Jaguar está enfim marcada para acontecer uma perícia da dinâmica do acidente, no local onde a colisão aconteceu, na BR-470, em Gaspar. O pedido foi feito pela defesa de Evanio Wylyan Prestini, motorisa do Jaguar, e o perito foi designado pela Justiça.

As três jovens que sobreviveram ao trágico acidente seguem aguardando na Justiça o pagamento de indenizações referentes aos traumas sofridos.

Além de danos morais, uma das vítimas também luta judicialmente para garantir uma cirurgia reparadora do nariz, ferido no acidente. Criminalmente, o caso ainda está aguardando a data de júri popular. O caso está prestes a completar quatro anos.

O acidente ocorreu em fevereiro de 2019, quando Evanio Wylyan Prestini, comprovadamente alcoolizado, estava conduzindo um Jaguar e bateu de frente contra o Pálio onde estavam cinco jovens. Suelen Hedler da Silveira e Amanda Grabner morreram no local.

Thainara Schwartz e Thayná Cirico tiveram ferimentos leves e foram liberadas do hospital um dia após a colisão, enquanto Maria Eduarda Kraemer precisou ficar internada e passar por cirurgias.

Além dos ferimentos físicos, o abalo psicológico reflete na vida das vítimas até hoje. Por isso, além do processo criminal que segue em curso, todas as três jovens que sobreviveram possuem processos em andamento pedindo indenizações por parte de Evânio.

Em todos os processos, apesar de realizar os pagamentos de tratamentos que já foram garantidos pela Justiça, a defesa do réu recorre de decisões e atrasa o término dos processos.

No início deste ano, quando o acidente completou dois anos, a família das vítimas e das três sobreviventes realizou manifestações cobrando mais agilidade nos processos. Na época, em entrevista ao jornal O Município Blumenau, Elizabete Grabner, tia e madrinha de Amanda Grabner, falou sobre a dor de continuar lutando pela promessa que fez a uma das pessoas mais queridas que ela tinha.

“Eu prometi para a Amanda no caixão dela que iria lutar por justiça até meu último suspiro. Até onde conseguisse. Nós não temos dinheiro, mas nós vamos até o final”, conta Elizabete, que em apoio à irmã, mãe de Amanda, encabeçou a organização das manifestações envolvendo o caso.

Segundo ela, a demora nos julgamentos se deve aos inúmeros recursos abertos pela defesa de Evanio Prestini. Atualmente, há um na justiça estadual e outros dois na federal. Ele responde em liberdade desde julho de 2019, quando o STJ decidiu que ele não representava um perigo à ordem pública. O Ministério Público tentou fazer com que ele voltasse à prisão, mas sem sucesso.

“A Amanda ficou irreconhecível, o rosto dela foi desutrído. O próprio médico anestesista disse que nunca havia visto alguém tão ferido. Ela não pode sequer realizar o sonho de doar órgãos, porque não sobrou um inteiro”, relata Elizabete.

Elizabete Grabner

Elizabete também relatou a falta de solidariedade por parte da família do réu. De acordo com ela, eles nunca entraram em contato para oferecer ajuda financeira para os velórios ou para desejar condolências.

“Todos os dias eu sinto como se a Amanda fosse me ligar, como ela sempre fazia de manhã. Parece que quanto mais tempo passa, mais dolorido fica e a saudade aumenta. Muito disso devido à demora da justiça e à impunidade. Dois anos sem uma palavra por parte da família do réu. Humanidade e empatia zero”, desabafa.

Pelo contrário, a defesa de Prestini entrou com outros recursos, porém no processo envolvendo Maria Eduarda Kraemer. A jovem passou meses internada no Hospital Santo Antônio após as cirurgias e demorou a voltar a andar após o acidente.

“A Maria Eduarda está despedaçada. Não consegue conversar sobre o assunto. Ela não vive mais, está sempre com medo de morrer. Acha que alguém pode matar ela. Ela até já passou por laudo psiquiátrico. Ela nunca mais será aquela menina alegre”, lamenta Elizabete.

Thainara Schwartz, de 22 anos, que dirigia o Palio e Thayná Cirico, 21, foram liberadas do hospital no dia seguinte. Mas não sem sequelas psicológicas após um acidente desta magnitude e após perder duas amigas.

Para Elizabete, não se trata apenas de justiça pelas vidas de Amanda e Suelen, mas de conscientizar a população e o poder público sobre a necessidade de evitar que acidentes com esse se repitam.

“Não é só pelas meninas. Abraçamos e damos apoio a outras famílias que perderam entes queridos para motoristas embriagados. A justiça não vai bater na sua porta, você precisa ir atrás dela. Lutar por ela. Se nos unirmos, alguém vai nos ouvir”, opinou, na época.

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