Professor de SC acusado de apoiar ataque em creche de Blumenau é afastado
Ele terá que manter distância de unidades escolares e usar tornozeleira eletrônica
A Justiça de Santa Catarina decidiu neste domingo, 9, afastar o professor da Escola de Educação Básica Dr. Georgi Keller, em Joinville, após denúncias de que ele apoia o ataque na creche em Blumenau, onde quatro crianças foram assassinadas na última quarta-feira, 5.
Além do afastamento, o poder judiciário obrigou que o professor mantenha distância de qualquer unidade escolar, além de proibir o contato dele com qualquer aluno ou testemunha do caso. O professor também terá que usar tornozeleira eletrônica, cujo objetivo é manter a regularidade das atividades escolares em Joinville sem qualquer exposição de alunos ou professores.
De acordo com a Polícia Civil, o professor é acusado de prática do delito de apologia de crime ou criminoso.
“Segundo o preliminarmente apurado no procedimento policial, o professor ao tecer comentários com referências positivas aos crimes hediondos recentemente ocorridos no município vizinho, perante seus alunos, adolescentes e dentro do ambiente educacional, extrapolou o limiar da liberdade de opinião, de expressão e pedagógica, incidindo na conduta criminosa e reprovável”, diz a Polícia Civil.
A Polícia Civil também informou que a investigação seguirá sendo realizada ao longo desta próxima semana. O professor também será investigado por outras denúncias de racismo, xenofobia, homofobia e intolerância religiosa.
Entenda o caso
Alunos da Escola de Educação Básica Dr. Georgi Keller, em Joinville, denunciaram um professor por apoiar o ataque na creche em Blumenau.
Um vídeo gravado na sala de aula circula nas redes sociais. É possível ouvir o professor falando que “matava uns 15,20” e diz em seguida que entraria com dois facões, “um em cada mão e ‘pá’”.
A reportagem do jornal O Município Joinville conversou com a mãe de um aluno que estuda na escola estadual. Ela conta que o filho a avisou assim que recebeu o vídeo.
Segundo a mãe, o professor tem “fama” na escola por racismo, homofobia e intolerância religiosa. Ela ainda diz que ele se intitularia como “diabo da escola”.
Questionada se a escola teria passado algum comunicado, a mãe compartilhou algumas mensagens enviadas. “Já o identificamos. Entendemos sua indignação e estamos solidários. Esse tipo de comportamento deve ser combatido. Estamos tratando disso junto ao órgão competente”, diz uma delas.
Tudo sobre o atentado
Durante a manhã dessa quarta-feira, 5, um homem de 25 anos entrou no CEI Cantinho Bom Pastor, localizado na rua Caçadores, bairro Velha, em Blumenau, e atacou as crianças.
Com um machado e um canivete ele matou quatro crianças. As vítimas foram identificadas como Bernardo Pabst da Cunha, 4, Bernardo Cunha Machado, de 5 anos, Larissa Maia Toldo, de 7 anos, e Enzo Marchesin Barbosa, de 4.
O autor do crime também deixou cinco feridos. Uma das meninas foi liberada logo após o crime e as outras quatro receberam alta nesta quinta-feira. Um dos feridos, Davi Ambrosio, precisou receber transfusão de sangue.
Após realizar o massacre, o homem foi até o Batalhão da Polícia Militar para se entregar, após cometer o crime, e foi preso em flagrante.
Devido ao acontecimento, a Polícia Militar e o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, informaram que todas as aulas de escolas municipais foram canceladas até segunda-feira. Aulas nas universidades e escolas particulares também foram suspensas.
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Histórico criminal
De acordo com a Polícia Civil de Santa Catarina, o autor do massacre contra as crianças tinha outras quatro passagens pela polícia – porte de drogas, briga em casa noturna e dois casos de esfaqueamento, sendo uma por esfaquear o padastro e outra por esfaquear um cão.
Uma professora que estava na creche alvo de atentado, relatou alguns momentos vividos durante o crime. Em depoimento, ela conta trancou as crianças para evitar que fossem atacadas. “Aquela cena que você nunca imagina ver na vida”, disse.
Desdobramentos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Jorginho Mello se pronunciaram na manhã de quinta-feira, 5. O governo federal anunciou um repasse de R$ 150 milhões para que os municípios invistam em rondas escolares.
A Polícia Militar de Blumenau e o Corpo de Bombeiros desmentiram alguns dos boatos de novos ataques que começaram a circular nas redes sociais, após o atentado que aconteceu na creche Cantinho Bom Pastor. A prefeitura de Gaspar Também emitiu uma nota negando as notícias. Porém, dois adolescentes foram apreendidos em Rodeio após ameaças.
Em Indaial, o prefeito André Moser anunciou que irá contratar seguranças armados para as escolas e creches municipais. O mesmo foi repercutido em Timbó e aguarda aprovação da Câmara de Vereadores.
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